Para contornar crise, múlti vai trocar caminhões por geradores

EDUARDO SODRÉ
EDITOR-ADJUNTO DE “VEÍCULOS”

Para enfrentar o momento ruim do mercado brasileiro, a maior fabricante independente de motores a diesel no mundo, a norte-americana Cummins, vai investir em outras áreas. A principal será a construção de geradores para atender à demanda do varejo e de usinas termelétricas, por causa da crise hídrica.

A empresa bateu seu recorde global de faturamento em 2014 (US$ 19,2 bilhões, 11% a mais que em 2013), mas viu a produção nacional de motores cair 22,4% no ano passado em relação a 2013.

Já a fabricação de geradores a diesel cresceu 20% em 2014 na comparação com 2013. Parte do maquinário foi importado, mas a empresa vê a necessidade de ampliar a produção nacional. É a forma de manterem a competitividade diante da desvalorização do real, visando também ampliar as exportações.

Um dos planos é expandir o espaço destinado à produção de geradores na fábrica de Guarulhos (Grande São Paulo), o que também será uma forma de reduzir a ociosidade na unidade. “Estudamos essa possibilidade, que não é algo simples de executar”, disse Luis Afonso Pasquotto, presidente da Cummins América do Sul.

O segmento de motores a diesel representa 46% da receita bruta global da empresa. Já a geração de energia tem 12% de participação.

A empresa considera que o encolhimento de seus negócios na região foi até ameno diante do cenário atual, mas teve que fazer ajustes: 145 funcionários foram demitidos em 2014, e a produção tem passado por interrupções pontuais.

Foram previstas 13 paradas no primeiro semestre de 2015, sempre às sextas-feiras.

A empresa também cancelou a construção de uma nova fábrica nacional, que estava sendo erguida em Itatiba (a 84 km de São Paulo).

A capacidade de produção em Guarulhos é de 111 mil motores por ano –em 2014, foram fabricadas 54,1 mil unidades. São equipamentos de diferentes tamanhos, que atendem desde utilitários a diesel até embarcações.

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Diante dos primeiros resultados do ano, a Cummins se prepara para um 2015 bem pior, com retração de 25% a 30% nas vendas de caminhões no Brasil. As montadoras de veículos pesados são os principais clientes da empresa norte-americana.

De acordo com a Anfavea (associação das montadoras), a produção de caminhões estacionou em 16,2 mil unidades no primeiro bimestre de 2015, queda de 43,9% em comparação ao mesmo período do ano passado.

Já o setor de fornecimento de energia acompanha a preocupação das empresas com possíveis apagões.

“As usinas termelétricas compensam a geração de energia que está prejudicada pela crise hídrica. Esse mercado continuará crescendo em 2015”, disse Kip Schwimmer, diretor-geral da Cummins Power Generation na América do Sul.