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Para que fique bem claro

Por João Guilherme Vargas Netto

O patronato e a grande imprensa divulgaram a versão de que as disputas sindicais desempenharam o papel de gatilho nas rebeliões, manifestações e greves nos grandes canteiros de obras do PAC.

Esta versão, errada, não se sustentou e foi desmentida pelos fatos quando se conheceram as condições e as relações de trabalho impostas aos trabalhadores, quando houve a generalização dos protestos em vários canteiros (porque só havia a alegada disputa em um deles, em Jirau) e pela atuação unitária das centrais sindicais nas reuniões convocadas pelo ministro Gilberto Carvalho, que encaminharam a solução provisória para a crise.

Além disso, a máquina de propaganda das construtoras fez também circular a versão sobre a “ausência” dos sindicatos entre os trabalhadores, o que criou uma contradição lógica com a primeira versão. Se havia “ausência” como podia haver “disputa”?

Quaisquer que sejam as causas – e elas foram muitas, complexas e abrangentes – as duas alegadas acima tiveram papéis menores. As rebeliões árabes, por exemplo e o uso extensivo e intensivo da internet pelos trabalhadores, jogaram papéis mais efetivos que elas no desencadeamento e generalização dos protestos.

Embora fossem pegas de surpresa – como o foram o patronato, o governo, a mídia e a opinião pública – as centrais sindicais, principalmente a Força Sindical que detém o maior número de representações locais, reagiram rapidamente de maneira unitária, firme e efetiva retomando (com a ajuda dos metalúrgicos de São Paulo) o comando do processo e garantindo acordos positivos.

Cabe agora às centrais a tarefa de fiscalizar o cumprimento do que foi combinado, melhorar as representações locais requalificando os dirigentes, e vigiar as construtoras e empreiteiras para que não caiam na tentação de, “passado o perigo”, violarem os acordos.

João Guilherme Vargas Netto é membro do corpo técnico do Diap e consultor sindical de diversas entidades de trabalhadores