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Patrões e sindicatos brasileiros em protesto conjunto contra a importação de têxteis da China

por António Larguesa | alarguesa@negocios.pt
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Plataformas sindicais e patronais mostram o seu descontentamento à porta de uma feira organizada por chineses em São Paulo. Até as bandeiras para o Mundial de Futebol de 2014 foram encomendadas na Ásia, denunciam os manifestantes.

A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) juntou-se a quatro organizações representativas dos trabalhadores do sector para o protesto “Grito de Alerta”, que será realizado na manhã desta quarta-feira em frente ao centro de Convenções de Anhembi, em São Paulo, no dia de arranque da “GoTex Show 2013”, organizada por chineses com o slogan “Descubra o caminho das importações dos grandes retalhistas”.

Segundo a imprensa brasileira, os três mil manifestantes esperados vão também espalhar cinco toneladas de algodão em protesto contra as importações chinesas. Aguinaldo Diniz Filho, presidente da Abit, denuncia a “concorrência desleal dos produtores chineses, que contam com subsídios do seu governo, não apenas na produção mas também no transporte das mercadorias para o Brasil”.

No entanto, este protesto acaba por colocar o segmento industrial têxtil – emprega perto de dois milhões de pessoas, sendo 80% mulheres – contra a área do comércio de vestuário, que aproveita os preços mais baixos dos produtos chineses. É que, segundo dados oficiais, nos primeiros oito meses deste ano a produção de vestuário caiu 1,46% e a de têxteis quebrou 3% no Brasil. Pelo contrário, os retalhistas do vestuário aumentaram a facturação em 3,5% nesse mesmo período.

Exército veste “Made in China”

Entre Janeiro e Setembro, o sector terá perdido 55 mil postos de trabalho, ao mesmo tempo que as importações de vestuário no Brasil aumentaram 8,2% em valor face ao período homólogo. Numa década, o valor dos produtos têxteis importados aumentou quase 20 vezes, denunciaram os organizadores do protesto.

O presidente do Sindicato dos Têxteis de São Paulo, num comunicado citado pelo jornal “Dia Dia”, sublinhou que “esta invasão desenfreada de produtos chineses é facilitada pelo governo” de Dilma Rousseff. “Para se ter uma ideia, até as fardas do Exército foram produzidas na China. A nossa luta é em defesa do trabalho formal e legal. A CBF [Confederação Brasileira de Futebol] também mandou fazer na China as bandeiras que serão usadas na Copa do Mundo” de 2014, exemplificou Sérgio Marques.