Cláudio Belli – Valor Por João Villaverde | De Brasília |
Depois de 13 anos, a segunda maior central sindical do país, a Força Sindical, vai trocar seu comando. O deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, deixa hoje a presidência da central para se concentrar na campanha para a Prefeitura de São Paulo. Independentemente do resultado nas eleições, Paulinho afirmou ao Valor que “muito provavelmente” não voltará à Força. A partir de hoje, a central terá no comando Miguel Torres, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo.
A substituição de Paulinho começou a ser preparada há dois anos. Até 2010, o deputado nem sequer considerava deixar a presidência da central que o alçou ao Congresso Nacional. Quando deixava a Força para disputar as eleições, o presidente interino era sempre o secretário-geral da entidade, João Carlos Gonçalves, o Juruna, que mantinha a máquina funcionando na ausência de Paulinho. Em 2010, no entanto, começou a preparar sua sucessão. A Força foi presidida por Torres, pela primeira vez, durante a campanha pela reeleição de Paulinho para a Câmara dos Deputados.
Torres segue a regra não escrita, um protocolo adotado por todos: para ser o presidente da Força Sindical, tem que ser presidente do sindicato mais forte. Os dois únicos presidentes da história da Força, fundada em 1991, comandaram o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. Entre 1991 e 1999, o presidente da Força foi seu fundador, Luiz Antônio de Medeiros, que deixou a entidade justamente para exercer seu mandato como deputado federal pelo PFL (atual DEM) entre 1999 e 2002. No lugar de Medeiros entrou seu sucessor no sindicato, Paulo Pereira da Silva, que preside a Força desde então.
As avaliações internas do PDT paulista apontam que Paulo Pereira tem potencial para atingir entre 12% a 15% dos votos nas eleições de outubro. A aposta dos pedetistas e sindicalistas é que Paulinho será nome forte para apoiar um dos dois candidatos num eventual segundo turno entre Fernando Haddad (PT) e José Serra (PSDB). Ainda que a Força Sindical seja próxima do PSDB – dois vice-presidentes da central são cardeais tucanos no Estado -, Paulinho é desafeto de Serra.
De perfil mais negociador e menos midiático que Paulinho, o novo presidente da Força terá seu primeiro teste de fogo amanhã. Torres vai representar a Força na reunião que o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, fará com as centrais no Palácio do Planalto para discutir a isenção do Imposto de Renda (IR) nas Participações sobre Lucros e Resultados (PLR) distribuídas pelas companhias com os trabalhadores com carteira assinada.
O assunto seria discutido no Palácio do Planalto na quinta-feira, com a própria presidente Dilma Rousseff, mas a agenda mudou de última hora – o governo decidiu tratar apenas das mudanças nas regras de remuneração da caderneta de poupança.
As centrais cobram a isenção de imposto para PLRs de até R$ 20 mil, mas o governo entende que o limite aceitável, do ponto de vista da renúncia fiscal embutida com a medida, é R$ 6 mil. Na reunião, as centrais vão trabalhar para fecharem com Carvalho um número de meio termo, Deve participar do encontro, também, o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), o relator da Medida Provisória (MP) 556. O acordo entre governo e centrais será incluído no texto da MP a ser votada nos próximos dias.