Taxa básica da economia brasileira segue no maior patamar em dez anos.
Decisão era esperada pela maioria dos economistas do mercado financeiro.
Alexandro MartelloDo G1, em Brasília
Pela nona vez seguida, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter os juros básicos da economia em 14,25% ao ano – o maior patamar em dez anos. A decisão (leia a íntegra mais abaixo), que confirmou a expectativa da maior parte dos analistas do mercado financeiro, foi tomada em reunião em Brasília.
Esse foi o primeiro encontro do Copom do governo do presidente Michel Temer, que não é mais interino, e o segundo comandado pelo novo presidente da instituição, Ilan Goldfajn.
“O conjunto dos indicadores divulgados desde a última reunião do Copom mostra evidências de que a economia brasileira tenha se estabilizado recentemente e sinais de possível retomada gradual da atividade econômica. A economia segue operando com alto nível de ociosidade”, destacou o Copom em nota.
“No âmbito externo, o cenário ainda apresenta interregno benigno para economias emergentes. No entanto, as incertezas sobre o crescimento da economia global e, especialmente, sobre a normalização das condições monetárias nos EUA persistem; a inflação corrente segue pressionada, em parte em decorrência de preços de alimentos, e vem recuando em ritmo mais lento que o esperado”, acrescentou o BC.
Meta de inflação
No fim de junho, Goldfajn informou que buscará atingir a meta central de inflação de 4,5% em 2017 – o que pressupõe um atraso maior no processo de queda dos juros. A previsão dos economistas dos bancos é de que a taxa comece a recuar somente no fim de novembro.
O aumento dos juros, ou sua manutenção em um patamar elevado, é o principal mecanismo usado pelo BC para frear a inflação. Com esse procedimento, o BC encarece o crédito. O objetivo é reduzir o consumo no país para conter a inflação que tem mostrado resistência.
Porém, os juros altos prejudicam a atividade economica e, consequentemente, inibem a geração de empregos. Quando o Banco Central julga que a inflação está compatível com as metas preestabelecidas, pode baixar os juros.
Apesar da forte recessão que castiga a economia brasileira, gerando aumento do desemprego e da inadimplência, a inflação corrente do país ainda está elevada. Em 12 meses até julho, o índice somou 8,74%, distante do objetivo central de 4,5% para o próximo ano.
“As expectativas de inflação apuradas pela pesquisa Focus para 2017 recuaram desde o último Copom, mas seguem acima da meta para a inflação, de 4,5%”, destaca a nota do Copom desta quarta-feira.
Entre os fatores de risco para o alcance das metas para a inflação, o COpom cita a “incerteza sobre a aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia, incluindo a composição das medidas de ajuste fiscal, e seus respectivos impactos sobre a inflação”.