PIB do Brasil recua 0,8% no 3º trimestre de 2016

É a sétima queda seguida nessa comparação, segundo o IBGE.
De janeiro a setembro, recuo é de 4%, o maior da série para o período.

No terceiro trimestre deste ano, a economia brasileira seguiu em queda. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) recuou 0,8% em relação ao trimestre anterior. É a sétima retração seguida nessa base de comparação – a mais longa de toda a série histórica do indicador, que teve início em 1996. Em valores correntes, o PIB chegou a R$ 1,6 trilhão.

De janeiro a setembro de 2016, o PIB registra queda de 4% em relação ao mesmo período 2015. Segundo o IBGE, essa é a maior baixa para o período desde 1996. Já no acumulado dos quatro trimestres encerrados no terceiro trimestre de 2016, o tombo do PIB foi ainda pior, de 4,4%.

Investimento em queda
Contrariando a melhora dos índices de confiança de empresários e investidores, no terceiro trimestre, os investimentos, que também estão incluídos na composição do PIB, voltaram a cair. A Formação Bruta de Capital Fixo, como o indicador de investimento também é conhecido, recuou 3,1%.

A taxa de investimento no terceiro trimestre de 2016 foi de 16,5% do PIB, abaixo da observada no mesmo período do ano anterior (18,2%). De acordo com o IBGE, esse é o menor índice desde 2003, quando chegou a 16,3%.

Já a taxa de poupança foi de 15,1% no terceiro trimestre de 2016, também a menor da série, neste caso, iniciada em 2010.

O consumo das famílias, que durante muitos anos contribuiu com o crescimento do PIB, recuou 0,6% – completando o sétimo trimestre seguido de baixa. A despesa do governo também recuou: 0,3%.

Quanto ao setor externo, as exportações caíram 2,8% e as importações recuaram 3,1%.

“Neste trimestre especificamente a gente viu um recuo importante nos investimentos, coisa que não tinha acontecido no trimestre passado, muito em função da queda nas importações de bens de capital, máquinas e equipamentos, e aí tem a ver com a conjuntura toda do país e com o aumento dos juros reais”, comentou.

Retração em todos os setores
O desempenho dos três setores que entram no cálculo do PIB foi negativo no terceiro trimestre deste ano frente ao anterior. A agropecuária teve retração de 1,4%, a indústria, de 1,3%, e os serviços, de 0,6%.

“Nesse ano, a gente teve queda das três grandes atividades, indústria, serviço e agropecuária. A única com crescimento relevante é a indústria extrativa mineral, por causa do petróleo, já que o minério de ferro vem caindo desde o acidente de Mariana”, disse Rebeca de La Rocque Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.

“Foi basicamente o setor de serviços que continuou puxando [a queda no PIB], até pelo peso importante na economia. E se a gente olha para dentro dos serviços, os serviços que são muito correlacionados com a indústria tiveram as maiores quedas, como o transporte e o comércio. São atividades totalmente correlacionadas com o desempenho, que vem sendo negativo há bastante tempo, da indústria de transformação, e também como o desempenho agora negativo da agropecuária”, afirmou.