Jaélcio Santana
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Os nove sindicatos do porto de Santos e a operadora Embraport fecharam acordo para a categoria desocupar o navio ‘Zhen Hua 10’, atracado em seu terminal no cais público.
O acordo estabelece que a empresa requisitará as categorias do Ogmo (Órgão Gestor de Mão-de-obra) para o desembarque de três portêineres e 11 transtêineres, na margem esquerda do porto.
O documento, escrito pelas assessorias jurídicas das duas partes, prevê a sequência de negociações para detalhar a utilização da mão-de-obra portuárias nas futuras operações da Embraport.
Os sindicalistas consideram satisfatório o desfecho da negociação, iniciada na manhã de segunda-feira (18) e finalizada no final da tarde de terça-feira (19).
Os entendimentos tomaram a manhã e tarde de ontem e foram retomados nesta madrugada, com os sindicalistas e advogados conversando exaustivamente.
Guerreiros
O presidente do Sindicato dos Estivadores, Rodnei Oliveira da Silva, o maior do porto, parabeniza “os guerreiros que ocuparam o navio, ficando quase dois dias em condições bastante difíceis”.
Nei pondera que a categoria “agiu acertadamente ao ocupar o navio, para defender o mercado de trabalho, não deixando que a mão-de-obra chinesa fizesse as tarefas que cabem aos portuários”.
Vitória
Para o presidente do Sindicato dos Operários Portuários, o segundo maior do porto, Robson de Lima Apolinário, “foi uma grande vitória da categoria e resultado de bom senso entre as partes”.
Robson fez questão de agradecer o apoio da Cruz Vermelha, que levou água, comida, equipamentos de medir pressão arterial e medicamentos básicos a bordo.
Alerta
O secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários, Eronaldo José de Oliveira ‘Ferrugem’, que participou das negociações, achou o resultado “bastante produtivo”.
Para ele, a ocupação do navio, pelos estivadores e operários portuários, “foi determinante no desfecho do caso. Não fosse isso, os chineses descarregariam sozinhos os equipamentos”.
O presidente dos rodoviários, Valdir de Souza Pestana, lembrou que, há poucos dias, em reunião dos sindicatos com o Ministério Público do Trabalho (MPT), ele alertou para o problema.
“Eu disse, com todas as letras, que os grandes armadores e operadores portuários, nacionais e internacionais, pretendem usar mão de obra estrangeira nas operações de carga e descarga”.
Polícia
Também o secretário do Sindicato dos Vigias Portuários, José Cavalcante Pessoa ‘Zezo’, enalteceu o acordo, “obtido pela mobilização, não só pelo que se conseguiu, mas pelo que se evitou”.
A Comissão Nacional de Segurança Pública nos Portos, Terminais e Vias Navegáveis (Conportos) teria cogitado de retirar os portuários do navio com força policial.