Previsões revelam um novo Brasil

Renato Carbonari Ibelli

O setor produtivo acredita que 2010 consolidará a expansão da economia ao fechar com os principais indicadores positivos. Entre eles, com crescimento de 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB) e elevação da taxa de investimentos e emprego. As perspectivas foram reveladas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que captou as expectativas de entidades associativas do setor produtivo, entre elas a Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Esse foi o terceiro levantamento bimestral da série realizado este ano e mostra avanço positivo nas projeções captadas entre maio e junho (veja tabela ao lado). Da primeira vez que as opiniões foram coletadas, entre os meses de janeiro e fevereiro, a projeção de expansão do PIB de 2010 era de 5,2%. Nesse último levantamento verificou-se avanço de 1,3 ponto percentual no indicador.
Essa evolução na projeção do crescimento econômico puxou para cima a previsão das entidades para a taxa de investimento das empresas, que deverá chegar a 15% ao final de 2010. No primeiro levantamento do ano, a expectativa era de uma taxa de 12,1%.

Empregos – A previsão para o número de empregos gerados em 2010 também apresentou avanço na última edição da sondagem. No início do ano era esperada a criação de 1,5 milhão de postos de trabalho, e agora já se projeta a geração de 1,55 milhão de vagas. Segundo João Sicsú, diretor de estudos e políticas macroeconômicas do Ipea, um dos motivos dessa elevação é a percepção crescente da formalização do mercado de trabalho.
“Nos últimos tempos é notado um intenso processo de formalização na construção civil, que usa muita mão de obra, mas por muito tempo de maneira informal. Esse processo está se revertendo”, disse Sicsú.

Selic – As projeções para a economia apontadas pelo estudo são positivas a despeito da elevação da taxa básica de juros, a Selic, também esperada pelo setor produtivo até o final de 2010. Depois das correções na Selic feitas pelo Banco Central desde o início do ano, as expectativas captadas pelo levantamento também avançaram.
Entre janeiro e fevereiro, a Selic esperada para o período era de 10,28%, mas a projeção subiu para 11,5% nesse levantamento mais recente. As projeções para a inflação no ano também cresceram de 4,7% para 5,5%. “Apesar da expectativa de alta, não há nada em vista no segundo semestre que pressione a inflação. Por isso, pode ser que tenhamos recuo da inflação nos próximos meses, e assim a Selic pode recuar também”, disse o diretor do Ipea.
Sicsú explicou que o avanço dos preços no primeiro semestre é normal pois há fatores recorrentes – a exemplo das mensalidades escolares e das despesas pessoais – que os pressionam. Neste ano especificamente, a alimentação também exerceu pressão sobre a inflação. Para o diretor do Ipea, isso foi consequência da maior distribuição de renda, que ampliou o consumo das classes menos favorecidas.
Porém, para o segundo semestre do ano, esses fatores de pressão – com exceção da alimentação – não estarão mais presentes, o que pode fazer a inflação arrefecer.