Produção de veículos até maio recua 18%

Com menor demanda interna e exportações em declínio, estoques nos pátios das montadoras já chegam a 41 dias Setor de implementos agrícolas e rodoviários teve queda de 19,7% nos cinco primeiros meses deste ano

(EDUARDO SODRÉ)

EDITOR-ADJUNTO DE “VEÍCULOS”

Com fábricas parcialmente paradas devido à redução da demandas e à queda nas exportações, a produção de veículos no Brasil recuou 18% entre janeiro e maio na comparação com o mesmo período de 2013, segundo a Anfavea (associação nacional das fabricantes de veículos).

Os estoques chegaram a 41 dias, o que faz as montadoras anunciarem planos especiais de financiamento para atrair compradores.

No entanto, os bancos que atuam no setor continuam muito seletivos com sua carta de clientes, diz Luiz Moan, presidente da entidade.

O executivo afirma não acreditar mais na possibilidade de haver um programa de incentivo ao crédito para financiamento de veículos.

EFEITO CONTRÁRIO
“A queda de vendas está relacionada a um índice de confiança reduzido, mas sofremos também com a seletividade do crédito”, diz Moan.

“O governo continua a fazer estudos, mas sinto que, dentro do contexto atual, não há uma medida que possa ser adotada em curto prazo.”

A Anfavea já adotou esse discurso em outros momentos, sempre às vésperas do término de algum incentivo –o que faz o mercado desconfiar de que acontecerá o contrário. Agora, é a alíquota de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) que está prestes a subir.

“Qualquer revisão de impostos não é vista por nós como um incentivo, mas, sim, como a busca de adequação da carga tributária brasileira, que é uma das mais altas do mundo”, disse Moan.

A alta do IPI deverá ser gradual, mas o governo já fala em prorrogar o desconto. A definição deverá ocorrer nas próximas semanas.

As vendas de automóveis no mercado interno recuaram 5,5% na comparação dos cinco primeiros meses de 2014 com os de 2013. A conta inclui carros de passeio, comerciais leves, caminhões e ônibus.

O setor de implementos agrícolas e rodoviários teve queda de 19,7% no início do ano, mas a reativação do Moderfrota, modalidade de crédito do BNDES ligado ao Plano Safra, deverá reaquecer o setor, acredita a Anfavea.

As exportações continuam em queda: maio registrou decréscimo de 0,6% em comparação com o mês anterior. No acumulado de janeiro a maio, o recuo chegou a 35,1%.

A Anfavea espera que o Portal Único de Comércio Exterior, sistema recém-lançado que busca facilitar a exportação e a importação de mercadorias, irá melhorar as operações do setor.

Pelos cálculos da entidade, a diminuição dos procedimentos burocráticos deverá reduzir em um a semana o prazo necessário para exportar um lote de peças ou de veículos, por exemplo. Hoje, o tempo gasto nessa operação chega a 18 dias.