Impedidos de entrar no prédio, manifestantes ficaram em vigília para pressionar os parlamentares a rejeitarem PEC 287
Por Cristiane Sampaio
O enfrentamento à reforma da Previdência segue embalando as principais lutas dos segmentos populares contra o governo golpista de Michel Temer (PMDB). Nesta terça-feira (28), a principal ação ocorreu nos arredores do Congresso Nacional, em Brasília (DF). Cerca de 2.500 trabalhadores, a maioria do serviço público, protestaram contra a reforma e todas as medidas que retiram direitos sociais e afetam o funcionamento do Estado.
Organizado por cerca de 30 entidades de todo o país, o protesto foi um aquecimento para a greve geral, marcada para a próxima terça-feira (5), véspera da data em que o texto da reforma pode ser votado no plenário da Câmara.
Rogério Marzola, coordenador-geral da Fasubra, entidade que reúne servidores de universidades federais, destaca a importância de combater o discurso oficial que sustenta a reforma.
“É uma retomada nossa para mostrar à população os efeitos reais da reforma da Previdência e para dizer que a culpa do rombo não é dos trabalhadores”, afirma.
O ato é o resultado de uma caravana que mobilizou 5 mil trabalhadores de diversos estados para uma marcha a Brasília. Desde segunda-feira (27) eles protestam na Esplanada dos Ministérios. Na manhã desta terça (28), parte deles foi impedida de chegar à Câmara Federal porque foi barrada pela polícia na Esplanada. O Brasil de Fato procurou a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal para saber o motivo da proibição, mas não teve retorno.
Os manifestantes que conseguiram chegar ao Congresso permaneceram em vigília durante algumas horas para pressionar os parlamentares a rejeitarem a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 287, que institui a reforma da Previdência. Eles frisaram que a mobilização também é contra medidas como o ajuste fiscal, com duração de 20 anos, e o Projeto de Lei do Senado (PLS) 116/2017, que acaba com a estabilidade do servidor público.
De acordo com o Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), o ajuste pode fazer com que o Brasil chegue ao ano de 2036 com uma máquina estatal 40% menor do que a que se tem atualmente. Por conta disso, o presidente da entidade, Rudinei Marques, ressalta que a luta contra a política de austeridade transcende os interesses corporativos dos servidores, dizendo respeito a toda a sociedade. “O que está em disputa é o modelo de Estado que nós queremos”, pontua.
Durante o protesto, parlamentares de oposição se somaram aos manifestantes. O líder da minoria na Câmara, José Guimarães (PT/CE), disse acreditar que a mobilização dos segmentos populares tenha um reflexo na disputa em plenário: “Isso repercute no parlamento. Os deputados sabem que os servidores têm papel fundamental na pressão social”, ressaltou.
O protesto desta terça é o primeiro de uma série de ações contra a reforma da Previdência que os segmentos populares devem realizar até a votação da matéria.