Ritmo de alta do custo salarial também cai, diminuindo as pressões sobre inflação
Denise Neumann, de São Paulo |
A recuperação da indústria está ocorrendo com aumento do emprego e menor perda de produtividade. Além disso, o setor também chegou ao fim de 2009 carregando um passivo salarial menor do que o acumulado até setembro passado. Nos 12 meses encerrados em novembro, a produtividade da indústria ficou 4,3% inferior àquela registrada nos 12 meses encerrados em novembro de 2008. Essa perda é mais de um um ponto percentual menor que a retração de 5,7% acumulada até setembro de 2009 – maior perda registrada no pós-crise. A perda de produtividade da indústria ocorreu porque o corte na produção foi muito mais intenso do que o registrado no emprego e nas horas trabalhadas. Nos 12 meses meses encerrados em novembro, a indústria produziu 9,7% menos do que nos 12 meses encerrados em novembro de 2008. Na mesma comparação, as horas trabalhadas recuaram 5,6%. Em novembro, segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o emprego cresceu 1,1% sobre outubro na série com ajuste sazonal. Na mesma comparação, a produção ficou praticamente estável, com pequena queda de 0,2%. Ao mesmo tempo em que começa a reduzir as perdas de eficiência decorrentes da crise, a indústria também conseguiu diminuir – no fim de 2009 – parte do custo salarial acumulado ao longo do ano. A folha total de pagamentos da indústria caiu 2% na mesma comparação de 12 meses, mas o salário médio real por trabalhador aumentou 3,2%. Quando esse custo é ponderado pela produtividade, ele aponta que o custo do trabalho para a indústria aumentou 7,8% no acumulado de 12 meses até novembro. Mesmo alto, porém, esse aumento (que representa uma pressão de custos para o setor industrial) já caiu bastante, pois até setembro a alta era dois pontos percentuais maior – 9,7%. O avanço de 1,1% no emprego em novembro na comparação com outubro, na série com ajuste sazonal, foi o maior desde janeiro de 2001, de acordo com o IBGE. No ano passado, até novembro, o emprego acumulou uma queda de 5,5% em relação a igual período de 2008. A folha de pagamentos em novembro recuou 0,8% na comparação com outubro e diminuiu 2,7% em relação a novembro do ano anterior. Em relação a igual período em 2008, o movimento de retração do emprego foi mantido. A queda foi de 4,1%, 12º recuo consecutivo. No acumulado dos últimos 12 meses, a retração é de 5,2%. Em nota assinada pelos economistas Bernardo Wjuniski e Rafael Bacciotti, a Tendências Consultoria observa que a evolução recente do custo do trabalho não traz preocupações para a inflação via aumento dos custos salariais. Os economistas calcularam a evolução mensal desse indicador e mostram que o “custo unitário do trabalho continuou registrando queda (-0,6%) na margem entre outubro e novembro, embora mais fraca do que a observada no mês anterior (-1,7%). Esse resultado está associado ao recuo da folha de pagamento real (-0,8%), mais intenso do que a queda da produção industrial no período (-0,2%)”. No confronto direto com novembro de 2008, a queda de 4,1% no emprego industrial decorreu de retração em 13 das 14 áreas investigadas e em 16 dos 18 segmentos industriais. São Paulo (-3,0%) exerceu o maior impacto negativo na taxa global, seguido por Minas Gerais (-9,1%), região Norte e Centro-Oeste (-6,5%) e Paraná (-5,5%). O detalhamento da pesquisa do IBGE mostra que no Estado de São Paulo as maiores influências negativas vieram de meios de transporte (queda de 13,6%), máquinas e equipamentos (-9,3%) e produtos de metal (-11,3%). Em Minas Gerais, com recuo de 28,3%, o setor de vestuário foi responsável pelo maior impacto negativo, seguido de alimentos e bebidas (-7,1%) e metalurgia básica (-13,1%). (Com agências noticiosas) |