Após demarcar que trabalhador brasileiro não está interessado em impeachment, mas em emprego e salário, sindicalista adianta ao BR: proposta que central Força Sindical irá formular aos três níveis de governo:
“Uma ação coordenada de incentivo a trocas de carros, ônibus, caminhões e tratores usados por novos será capaz de movimentar toda a base da nossa indústria”, sustenta presidente Miguel Torres: “É preciso quebrar o marasmo em que a economia se encontra – e mexer com os veículos é mexer com o Brasil inteiro”; proposta ganhou impulso durante encontro internacional organizado pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí.
Um programa nacional de renovação da frota brasileira de veículos, o que inclui não apenas carros de passeio, mas também ônibus, caminhões e tratores terá a capacidade de movimentar toda a base do parque industrial brasileiro. Os reflexos na atividade econômica seriam imediatos.
É no que acredita a central Força Sindical, que está aprofundando debates entre suas bases para colocar de pé um plano compreensível à maioria da população e factível nos curtíssimo prazo.
A proposta de renovação da frota automotiva surgiu em seminário promovido pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM), realizado em São Paulo, no início do mês, e ganhou impulso na semana passada, durante encontro internacional de trabalhadores promovido pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí, no Rio Grande do Sul, ligado à Força Sindical.
“Queremos envolver os três níveis de governo nesse plano”, contou Torres ao BR:. “As Prefeituras deverão lançar editais para a renovação de suas frotas de ônibus, os governos estaduais farão o mesmo em relação aos veículos com muito tempo de uso e, no plano federal, teremos regras de estímulo para as pessoas acessarem o carro novo”, completou.
Na reunião de Gravataí, foi assinalado que 25% da atual frota de caminhões do País tem mais de 30 anos de uso. O incentivo à troca de caminhões velhos por novos poderia, nessa medida, ser o ponto de partida do plano.
Uma volta da atividade produtiva das indústrias metalúrgica e de auto-peças provocaria a geração de milhares de novos empregos e o reaquecimento de uma parte importante dos setores de comércio e serviços que giram à sua volta.
“O movimento sindical deve ser propositivo neste momento, e essa é uma das nossas contribuições para a superação da crise”, diz Torres.
Com base nos debates que travou até aqui com suas bases no setor industrial, especialmente o metalúrgico, a Força Sindical espera apresentar o detalhamento da proposta de renovação da frota dentro de duas semanas. A subseção do Dieese dentro da central está dedicada a projetar o formato do plano. O exemplo da Alemanha, que tem um programa permanente de renovação de frota, servirá de base para o trabalho.
“Neste momento de crise, o maior interesse do trabalhador é o relance da economia, a superação desse marasmo em que estamos enfiados”, reflete Torres. “Só com atividade econômica teremos de volta empregos, salários e renda. Cabe a nós apresentar propostas para que isso aconteça – e é o que estamos fazendo.”
Mas é mesmo possível convencer o governo a executar um plano dessa envergadura em meio a toda a crise política?
“O governo tem a obrigação de trabalhar, e isso precisa acontecer até mesmo sob condições adversas. Ao trabalhador não interessa o impeachment e muito menos uma crise institucional, mas sim que a economia volte a crescer o mais rapidamente possível”.