Selic sobe pela 8ª vez consecutiva e vai a 10,75% ao ano

Diap

Pela oitava vez seguida, o Banco Central (BC) reajustou os juros básicos da economia. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa Selic (juros básicos da economia) em 0,25 ponto percentual, para 10,75% ao ano. Apesar da elevação, o BC reduziu o ritmo do aperto monetário. Nas últimas reuniões, o Copom vinha reajustando a Selic em 0,5 ponto percentual.
 

Em abril de 2013, o Copom iniciou um novo ciclo de alta nos juros básicos, depois de quase dois anos sem aumento, e elevou a Selic para 7,5% ao ano. Desde agosto de 2011, a taxa vinha sendo reduzida sucessivamente até atingir 7,25% ao ano em outubro de 2012, o menor nível da história. A Selic foi mantida nesse nível até março de 2013.

A taxa Selic é o principal instrumento do BC para manter a inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) dentro da meta estabelecida pela equipe econômica. De acordo com o Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta de inflação corresponde a 4,5% (centro da meta), com margem de tolerância de 2 pontos percentuais, podendo variar entre 2,5% (piso da meta) e 6,5% (teto da meta).

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA acumulado em 12 meses estava em 5,59% até janeiro. O índice acumulado desacelerou após ter chegado a 6,7% em junho e superado o teto da meta de inflação do governo. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central, o IPCA encerrará 2014 em 6%.

Baixo crescimento
Por outro lado, o aumento da taxa Selic prejudica o reaquecimento da economia, que cresceu 2,4% até o terceiro trimestre do ano passado e ainda está sob o efeito de estímulos do governo, como desonerações e crédito barato. De acordo com o Focus, os analistas econômicos projetam crescimento de 1,67% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014. A estimativa foi reduzida pela terceira semana seguida.

A taxa é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve como referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la, o Banco Central contém o excesso de demanda, que se reflete no aumento de preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas alivia o controle sobre a inflação.

Crítica dos trabalhadores
“Para a CUT, a política de elevação das taxas de juros, além de não contribuir para controlar os índices inflacionários, prejudica o desenvolvimento sustentável do País, gerador de emprego e renda, reduz o mercado interno, encarece o crédito e serve apenas aos interesses do capital especulativo”, disse o presidente da entidade, Vagner Freitas antecipando-se ao resultado anunciado nesta quarta-feira (26).

Em nota, a Força Sindical criticou o novo aumento. “Entendemos que a inflação e seus efeitos são conhecidos, mas surpreende a reação diante dela. Os 20 anos de valorização cambial, e os baixos investimentos (públicos e privados) são aspectos que agravaram o problema e deixam pouca margem em momentos turbulentos da economia.”

“A decisão é mais uma demonstração da política econômica equivocada. O ano apenas começou e muitas categorias profissionais vão entrar em processo de dissídio coletivo. Isso significa que o embate será duro, pois os trabalhadores não vão aceitar pagar essa conta”, expressou a UGT.

A Contraf-CUT foi na mesma linha. “Com a elevação da Selic para 10,75% ao ano, nesta quarta-feira 26, o Brasil volta ao topo dos países com as maiores taxas de juros reais do planeta. Para a Contraf-CUT, essa é uma medida inócua para combater a inflação, que em 2003 foi de 5,91%, apresenta viés de queda e está rigorosamente dentro dos parâmetros definidos pelo Banco Central (4,5% a 6,5%).” (Com Agência Brasil)