São Paulo – “Não somos adversários uns dos outros. Nosso adversário é o rentismo”, afirmou nesta terça-feira (17) a pré-candidata do PCdoB à Presidência da República, Manuela D´Ávila, durante evento na sede da Força Sindical, em São Paulo. Ela voltou a defender a unidade em torno do campo progressista, lembrando que há projetos em disputa. “Ao que tudo indica seremos quatro candidatos no primeiro turno”, disse Manuela, citando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Guilherme Boulos (Psol) e Ciro Gomes (PDT) contra candidaturas de perfil “antinacional, entreguista, antipovo”.
Segundo ela, são tempos de “convergência entre os que defendem o Brasil e a valorização do trabalho”. E é preciso se unir para evitar um período de retrocesso ainda mais prolongado. Nesse sentido, emendou, “nossas diferenças são irrelevâncias diante dos projetos que se confrontarão”.
Na saída do encontro com os sindicalistas, Manuela comentou que “o outro lado está com muito mais problemas”, referindo-se ao campo conservador, com uma dezena de candidaturas que não mostram força até o momento. Sobre sua campanha, ela lembrou que o PCdoB fará sua convenção em 1º de agosto. “Serei candidata”, afirmou.
Dirigente da Força e deputado federal pelo PSB da Bahia, Adalberto Souza Galvão, o Bebeto, também falou em buscar uma “convergência” entre candidaturas comprometidas com “a retomada e o aprofundamento” da democracia brasileira. “Não dá para a gente brincar, (é preciso) identificar claramente o nosso caminho.”
Com a convenção marcada para 5 de agosto, o PSB ainda discute seu posicionamento, entre apoiar uma candidatura ou liberar os filiados. Segundo Bebeto, na bancada federal há uma tendência pró Ciro Gomes, que se revela também na maioria das seções estaduais. Mas é preciso também discutir as condições de um eventual apoio, lembrou o deputado. “Qual é o programa que vamos trabalhar? Esse é o primeiro desafio.”
Durante a conversa com dirigentes da Força, Manuela afirmou que também foi possível conquistar medidas positivas no Parlamento. “O mesmo Congresso que aprovou o impeachment é do Minha Casa, Minha Vida, da política de valorização do salário mínimo”, afirmou a ex-deputada federal e atual deputada estadual no Rio Grande do Sul. “O Congresso não é um aquário, o 28 de abril foi uma demonstração disso”, acrescentou, citando a greve geral organizada pelas centrais sindicais no ano passado.
Ela defendeu medidas como uma reforma para tributar itens como lucros e dividendos, grandes fortunas e heranças, desonerando a produção e o consumo. Voltou a falar em referendo para revogar a lei da “reforma” trabalhista e reafirmou que é preciso pôr a redução da jornada “no centro da discussão”. Além disso, temas como juros e câmbio não podem ser vistos como ‘verdades bíblicas”, precisam ser discutidos. “Nós não vamos distribuir riqueza no Brasil sem gerá-la”, disse a pré-candidata.