FONTE: Portal A Tarde.com
Seja escalonado ou cheio, o aumento do Imposto sobre IPI (Produtos Industrializados), de carros, anunciado na quarta-feira, 4, pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, trará mais problemas para o já desaquecido mercado de automóveis.
O setor enfrenta crise desde o começo do ano, quando houve reajuste do IPI em 3%, que contribuiu para a queda nas vendas. Só em maio último, a comercialização de veículos no pais despencou 7,21% em relação ao mesmo período do ano anterior.
“Vamos avaliar a situação para ver se podemos prosseguir com elevação do IPI a partir de julho. O que está definido é que terá um aumento. Poderá ser pequeno, ou não. Vamos avaliar a situação do mercado na véspera”, disse o ministro da Fazenda, que mais adiante afirmou que “o setor automotivo tem que andar com as próprias pernas”.
Segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal do IBGE, na Bahia, a produção de veículos no primeiro trimestre de 2014 ficou 37% abaixo em relação ao igual período de 2013.
Isso sinaliza aumento de estoques na indústria. O resultado negativo é o principal responsável pela retração de 3% na produção industrial baiana neste mesmo período.
Para Marcus Verhine, economista e gerente de Estudos Técnicos da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), os principais motivos para a queda na demanda de veículos estão relacionados ao aumento dos juros e à conjuntura macroeconômica do país.
“Como se não bastasse o mercado interno restritivo, o cenário externo é também adverso, em decorrência dos problemas econômicos de países parceiros, como a Argentina, um dos principais importadores de automóveis nacionais”, explica.
Verthine ressalta ainda que o posicionamento do ministro Guido Mantega, de aumentar o imposto, demonstra cautela e se explica pela conjuntura adversa no setor automotivo, cujos estoques são os mais elevados desde 2008.
Estoque alto
Os distribuidores estão temerosos sobre uma possível piora nas vendas. “Normalmente temos estoque para 20 dias, agora temos para 40 dias. É muito elevado”, conta o gerente geral da concessionária Indiana Veículos, Alexandre Rodrigues.
Ele reclama de que alguns modelos estão dando prejuízo, pois precisam vender por preço de custo.
Já na filial da Grande Bahia que funciona no Lucaia, Rio Vermelho, as vendas caíram 15% desde o início do ano, segundo a gerente de vendas Regina Pereira. Para ela, o aumento do IPI vai impactar ainda mais nas vendas, especialmente neste ano de Copa do Mundo.
“Essa época de São João sempre é ruim em vendas. Este ano temos o agravante da Copa, pois teremos poucos dias úteis, além de que as pessoas estão investindo em viagens e no evento, em vez de carro”, constata ela.
Na Baviera, outra concessionária soteropolitana, o gerente de vendas Jorge Alberto da Silva observa que não apenas o setor de automóveis, mas todo o comércio enfrenta um momento ruim devido à inflação, juros em alta e queda da confiança do consumidor.
“A recomposição da alíquota é crítica para o setor. Estamos enfrentando um momento ruim em vendas, que será ainda pior com o aumento do IPI. Precisamos que o governo zere o imposto novamente”, disse Jorge.