Durante dois dias, sindicatos dos trabalhadores da Nissan, Volkswagen e outras montadoras filiados à CNTM (Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos), juntamente com o sindicato norte-americano UAW, discutiram os desafios e a importância do engajamento global sindical
FÁBIO BUSIAN, especial para o BR:
A cidade de Resende (RJ) recebeu o 3º Encontro Internacional de Montadoras, um evento mundial com a presença de sindicatos metalúrgicos do Brasil e dos Estados Unidos. Cerca de cem sindicalistas se reuniram nos dias 11 e 12 de maio para discutir os acordos automotivos internacionais em vigor e as estratégias de organização dos trabalhadores pelo mundo. Participaram do evento Silvio Campos, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense (SindMetalSF); Miguel Torres, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM); Kristyne Peter e Richard Bensinger, respectivamente diretora de Relações Internacionais e diretor de Organização Sindical e Estratégias da UAW.
Os diretores do Sindicato Carlão, Edenilson (Alemão) e Rodrigo também participaram do encontro.
Silvio Campos, que visitou os trabalhadores da Nissan no Mississipi (EUA) e discursou em solidariedade a eles, enalteceu a presença maciça de representantes dos metalúrgicos no encontro e sua importância para discutir os métodos de organização sindical global, analisando quais as melhores saídas para a defesa dos direitos internacionais dos trabalhadores.
“Essa é a mais uma amostra do engajamento global sindical. Aqui temos representantes de seis estados brasileiros e a UAW, maior sindicato dos Estados Unidos. A ideia é de unificar os trabalhadores pelo mundo, como uma forma de enfrentar as multinacionais que, em muitos casos, tentam suprimir direitos trabalhistas em vários países”, explica o sindicalista sul fluminense.
Para Richard Bensiger foi uma reunião introspectiva, onde os sindicatos olharam para si mesmos discutindo como podem ter mais membros e serem mais participativos. “Isso é muito saudável e todas as organizações deveriam fazer. O Brasil tem os melhores sindicatos do mundo, com ações mais coletivas e protestos. Esse sentimento de coletividade e comunidade nos inspira”, afirma o representando do sindicalismo norte-americano.
O dirigente da UAW também enalteceu o apoio dos sindicalistas metalúrgicos brasileiros aos trabalhadores da fábrica da Nissan no Mississipi, região sul doa Estados Unidos, que sofrem com ameaçam e ações antissindicais da montadora. “Acho que esse é o melhor exemplo de solidariedade global de trabalhadores, adotando a causa de outro país. Os trabalhadores são inspirados por essa solidariedade, eles sentem isso e querem que os companheiros do Brasil sintam orgulho deles. Como resultado disso, houve um aumento muito grande pelo apoio à sindicalização da fábrica do Mississipi nos últimos meses”, elogia Richard.
Como presidente da CNTM, representando também a diretoria da Força Sindical, Miguel Torres participou da abertura do encontro, onde expôs suas preocupações com as propostas na Câmara dos Deputados que retiram direitos dos trabalhadores. “Precisamos resistir e nos unir, cobrando dos parlamentares que nos representam ações que protejam os direitos que os trabalhadores conquistaram ao longo de anos de luta sindical. Após este evento, eu mesmo estou indo em uma fábrica discutir a implantação do PPE (Programa de Proteção ao Emprego) para os trabalhadores; o momento é de crise, mas precisamos achar soluções para defender o nosso maior capital, o trabalhador”, enalteceu Torres.
O próximo Encontro Internacional de Montadoras ocorrerá em outubro, no Sindicato dos Metalúrgicos da Piracicaba, interior do Estado de São Paulo.