DANIELA FERNANDES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PARIS
Os sindicatos franceses continuam o braço de ferro contra o governo e anunciaram ontem mais duas passeatas e greves contra a reforma da previdência, marcadas para a próxima quinta-feira e para 6 de novembro.
Ontem, inúmeras ações ocorreram no país para protestar contra o projeto que aumenta a idade mínima da aposentadoria de 60 para 62 anos.
Estudantes saíram às ruas em Paris e em outras cidades, mas sem grandes incidentes.
Manifestantes bloquearam o acesso ao aeroporto de Marselha, no sul da França, invadiram ferrovias em várias cidades e realizaram operações para barrar estradas, entre outros protestos.
O problema do desabastecimento de combustível no país registrou uma “leve melhora”, de acordo com o governo, que fará uma nova reunião sobre a questão hoje.
A falta de combustíveis já afeta setores industriais como o químico, que anunciou sofrer prejuízos diários de 100 milhões.
O ministro do Meio Ambiente, Jean-Louis Borloo, informou que 2.700 postos de gasolina de um total de 12,3 mil enfrentam problemas de abastecimento.
Dez depósitos de combustíveis, de um total de 93 considerados estratégicos, ainda continuam bloqueados por manifestantes.
O presidente Nicolas Sarkozy afirmou que os grevistas que bloqueiam os depósitos “estão tomando o país como refém”. Como a situação levará vários dias para voltar ao normal, a falta de gasolina vai afetar as férias escolares que começam neste final de semana.
O governo francês espera acelerar a votação do projeto no Senado, apostando que a aprovação do texto vai diminuir os conflitos.
A pedido de Sarkozy, será utilizado o procedimento do “voto único”, que obriga os senadores a se pronunciar por apenas um voto sobre a totalidade do texto e as emendas apresentadas. Elas serão explicadas, mas não mais debatidas.
Dessa forma, o governo espera que a reforma seja aprovada pelo Senado nesta noite e que o texto seja definitivamente adotado em voto solene por deputados e senadores na próxima semana.
Os conflitos na França também repercutem sobre a vida cultural do país. O show da cantora Lady Gaga neste final de semana foi adiado para dezembro “em razão das dificuldades de logística na França atualmente”.
BRASIL
Por enquanto, as manifestações na França não prejudicam o turista brasileiro que deseja ir ao país.
Até o fechamento desta edição, nenhum voo entre o Brasil e a França havia sido cancelado.
Também as agências de viagem, mesmo atentas aos problemas, continuam operando normalmente. “Estamos de sobreaviso para o caso de precisar reacomodar passageiros que já compraram pacotes”, disse Edmar Bull, presidente da Abav-SP (associação das agências de viagem de São Paulo).
Colaborou GUILHERME CHAMMAS