A campanha salarial das categorias que têm data-base no segundo semestre deste ano está complicada por causa da recessão, do aumento do desemprego e da redução da renda do trabalho. A vida dos trabalhadores piorou bastante.
Para enfrentar as dificuldades e garantir o emprego, os sindicatos já aceitaram mais de uma centena de acordos coletivos de redução da jornada com diminuição proporcional de salários, mas fora do Programa de Proteção ao Emprego (PPE).
No ano passado foram apenas quatro registros de negociações com corte nos rendimentos dos empregados, segundo reportagens publicadas por grandes jornais do País. Apesar de os acordos terem sido firmados fora do PPE, é importante ressaltar que eles foram negociados com os sindicatos e aprovados em assembleia dos trabalhadores.
Outros problemas têm perseguido os trabalhadores. Boa parte deles, que negociam a data-base neste segundo semestre, vai conseguir, no máximo, repor o índice de inflação. Em alguns casos, estes reajustes serão parcelados em duas vezes.
Aumentos reais, acima da inflação, que deram o tom às negociações nos últimos anos serão concedidos a um número menor da população assalariada. Além disso, cresceu o número de funcionários com carteira assinada que aceitaram reduzir os salários para tentar escapar do desemprego.
Mesmo que o segundo semestre seja marcado por negociações de categorias com maior poder de barganha, como metalúrgicos, químicos, bancários e petroleiros, a luta será muito difícil para o movimento sindical. Para reverter este quadro, precisamos investir na mobilização das bases e na radicalização da luta para pleitearmos melhores acordos coletivos.
Miguel Torres
Presidente