Tenorinho, uma vida dedicada ao sindicalismo

LUIZ TENÓRIO DE LIMA (1923-2010)

ESTÊVÃO BERTONI

DA REPORTAGEM LOCAL

Na casa em que Luiz Tenório de Lima cresceu na pernambucana Palmares, sempre cabia mais um. Lá, moraram o pai, dono de um comério de cereais, a mãe, ele e os dez irmãos, a avó materna, o tio, mais um irmão adotivo e, frequentemente, um ou outro convidado.

Um belo dia, um dos irmãos ganhou uma bolada no bicho, e o pai comprou uma padaria. Tenorinho, como era chamado, ajudou no negócio, até começar a trabalhar numa usina de açúcar e álcool.

Ao longo da carreira, passaria por várias indústrias do tipo. Viu -e incitou- greves e liderou sindicatos -foi um dos fundadores do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). A admiração pelos comunistas cresceu ainda mais quando leu “O Cavaleiro da Esperança”, obra de Jorge Amado sobre Luiz Carlos Prestes.

Durante o governo militar, Tenorinho foi preso e condenado a 30 anos de cadeia por suas atividades, consideradas então subversivas. Na época dirigente do Partido Comunista, ele conseguiu se exilar na União Soviética, onde conheceu a mulher -Prestes foi seu padrinho de casamento.

Com a Anistia, retornou ao Brasil e, nos anos 1980, foi vereador em São Paulo.

No sábado (23), morreu após uma cirurgia -tinha problemas na próstata. Dos seus 87 anos de vida, mais de 60 foram dedicados ao sindicalismo. Deixa dois filhos.