Alexandre Melo
Do Diário do Grande ABC
terça-feira, 26 de julho de 2011 7:30
Depois de não serem convidados para a participar da Política de Desenvolvimento da Competitividade, que definirá ações para alavancar a indústria nacional, os sindicatos de metalúrgicos resolveram se mobilizar para participar dos debates. Eles cobram do governo participação dos trabalhadores. Para a categoria, a PDC, que será apresentada no dia 2, deve seguir o modelo chinês para diminuir a importação, elevar a exportação e garantir transferência de tecnologia para o País.
Ontem, dirigentes sindicais da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da Central Única dos Trabalhadores, Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos da Força Sindical e Federação Interestadual dos Metalúrgicos reuniram-se em São Bernardo para elaborar documento que será enviada à presidente Dilma Rousseff.
Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, a estratégia da China de estar entre os maiores exportadores do mundo está dando certo graças à exigência de transferência de tecnologia para as empresas que se instalaram naquele país. “Enquanto isso, as montadoras chinesas querem apenas que os brasileiros apertem parafusos.” Nobre lembra ainda que a geração de empregos foi um ponto forte da estratégia asiática.
PROPOSTA – A necessidade de manter emprego de qualidade e reduzir a importação para não comprometer os postos de trabalho existentes é o principal ponto da resolução que os sindicalistas encaminharam ao governo, segundo o presidente da CNM-CUT, Paulo Cayres.
Nos anos 1970, a participação da indústria no Produto Interno Bruto era de 27,5%. Agora o número caiu para 15%. “Precisamos participar dessa discussão, pois os trabalhadores são os principais atores dessa nova política”, afirmou Cayres.
Entre os itens destacados na resolução que será encaminhada a Brasília está a defesa, estímulo e valorização da produção nacional; fortalecimento e consolidação de uma indústria moderna de qualidade e a ampliação do emprego bem remunerado. “Sabemos que estamos atrasados, mas a PDC precisa ser discutida”, disse a presidente da CNTM-FS, Mônica Veloso.
No dia 8, os sindicatos dos Metalúrgicos do ABC e de São Paulo realizaram manifestação conjunta na rodovia Anchieta para protestar contra o risco de desindustrialização no País, devido ao crescimento das importações, alta taxa de juros e moeda brasileira fortalecida frente ao dólar.
Perigo de demissões nas autopeças continua, diz Martinha
Apesar do governo ter elevado as tarifas de importação de autopeças pagas pelas montadoras para reduzir o deficit da balança do setor, o sinal amarelo para a manutenção de empregos nesta parte da cadeia produtiva ainda segue ameaçada, afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, Cícero Firmino, o Martinha.
Há um ano ele disse que o setor perderia 100 mil postos de trabalho em dois anos, devido à importação de ferramentas e moldes usados da China. “A decisão de elevar a alíquota para a importação de peças segurou as demissões, mas o setor não avança, mesmo diante do aumento nas vendas de veículos.” Martinha pontuou que a queda da taxa de juros e a desvalorização do real garantirão competitividade às empresas brasileiras no mundo. “Não queremos só apertar parafusos. Temos capacidade para desenvolver e produzir peças no País.”