Fale com o Presidente Miguel Torres
11 3388.1073 Central de Atendimento 11 3388.1073

Três pautas

Estava conversando durante a festa de comemoração dos 20 anos da Força Sindical com o jornalista João Franzin e o dirigente metalúrgico da CNTM (Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos) Carlos de Lacerda, que é amazônida e batalhador consequente pelas causas dos trabalhadores da região.

Fez uma observação inteligente sobre o caráter inesperado e explosivo das manifestações dos trabalhadores nas grandes obras do PAC que eu compartilho com os leitores.

Para ele, o inesperado e a surpresa das explosões de fúria decorrem, entre outras causas, do anestesiamento da opinião pública e da opinião publicada a respeito da “pauta trabalhista” em detrimento da “pauta ambiental” e da “pauta econômica”.

“Nós todos, os dirigentes sindicais incluídos, ficamos arrebatados com as denúncias e reivindicações sobre o meio ambiente e com as contradições entre ele e as realizações econômicas da obra – o que não deixa de ser justo – e descuidamos de uma outra coisa também essencial: as condições de trabalho e as relações de trabalho nas grandes obras.

O que aconteceu em Jirau, por exemplo, nos surpreende porque subestimamos os problemas dos trabalhadores e porque nos divertimos com os estrangeiros famosos que vêm ao Brasil se fotografar com cocar de índio”.

Ele tem razão. Só agora a grande imprensa (mesmo assim com relutância e com um viés antissindical) abriu-se para os verdadeiros problemas, como a grande matéria do jornal O Globo (27/03) sobre os acidentes de trabalho e mortes de trabalhadores nas obras do PAC.

Estou convencido da necessidade de um esforço unitário, permanente e coerente das Centrais Sindicais para modificar as relações de trabalho vigentes nas grandes obras do PAC e garantir melhorias nas condições de trabalho. É preciso identificar os problemas e propor soluções, fiscalizando periodicamente as obras para consolidar os avanços, fazendo que a “pauta trabalhista” tenha, pelo menos, a mesma importância e a mesma repercussão que a “pauta econômica” e a “pauta ambiental”.

Por João Guilherme Vargas Netto
Membro do corpo técnico do Diap e consultor sindical de diversas entidades de trabalhadores