Comparecimento de executivo ocorre três semanas depois de convocação.
Fiscais flagraram irregularidades em oficinas da empresa em Americana.
Foto Divulgação MPT Trabalhadores encontrados em condições análogas à escravidão em oficina de Americana, no interior de SP |
Três semanas depois de a Assembleia Legislativa de São Paulo aprovar a convocação do presidente da Zara no Brasil, Enrique Huerta Gonzaléz, para explicar a denúncia de uso de mão de obra escrava nas confecções da marca, a grife espanhola decidiu comparecer à audiência. Nesta quarta-feira (21), às 13h, o diretor de comunicação da Zara mundial, o espanhol Jesus Echeverria, será ouvido pela Comissão de Direitos Humanos da Casa.
O requerimento para a convocação, proposto pelo deputado estadual Carlos Bezerra Jr. (PSDB), vice-presidente da Comissão, foi aprovado em 29 de agosto, solicitando o comparecimento do presidente da empresa dois dias depois. Na véspera, no entanto, González comunicou que não tinha como comparecer “devido ao curto período de tempo entre o recebimento do convite e a data da reunião”. Na ocasião, ele não descartou participar de uma próxima reunião.
Nesta terça (20), a assessoria de imprensa da Inditex – grupo que controla a grife Zara – confirmou a presença do diretor de comunicação mundial da marca na próxima reunião da Comissão de Direitos Humanos.
O caso
Inspeções realizadas por auditores do Ministério do Trabalho em uma oficina de fabricação de peças da Zara em Americana (SP) constataram condições degradantes de trabalho, com alojamentos irregulares, falta de banheiros e dormitórios inadequados. Após denúncia anônima de um trabalhador boliviano, os auditores encontraram 52 funcionários em ambiente insalubre, trabalhando 14 horas por dia e recebendo entre R$ 0,12 e R$ 0,20 por peça.
A fabricante Zara disse que o que houve foi uma “terceirização não autorizada”. O grupo Inditex, proprietário da marca, afirmou que revisa, em colaboração com o Ministério do Trabalho e Emprego, o sistema de produção de seus fornecedores no país para garantir que não haja exploração dos funcionários.