Música e Trabalho: Zeca Baleiro canta “Eu despedi o meu patrão”

A música brinca com os conceitos marxistas de “mais valia” e “valor de troca”. Segundo Karl Marx o conceito de troca entre mercadorias consiste em o trabalhador vender sua força de trabalho em troca de salário. A “mais valia”, neste caso, define a diferença entre o valor da mercadoria produzida e a soma do valor dos meios para sua produção, incluindo o valor do trabalho.

A partir destas ideias, Zeca Baleiro, nesta canção em parceria com Capinam, afirma, de forma irônica, que não recebe em dinheiro o valor total por aquilo que produziu e sugere trocar seu salário por sossego. A música termina com um fragmento de um soneto do poeta baiano Gregório de Mattos que trata da exploração exercida pela classe dominante e, consequentemente, pelos países de capitalismo mais desenvolvido: “Neste mundo é mais rico o que mais rapa”. E ainda critica às instituições em geral ao afirmar que “Quem dinheiro tiver, pode ser Papa”.

Eu Despedi O Meu Patrão
(Composição: Zeca Baleiro e Capinan)
Intérprete: Zeca Baleiro

Eu despedi o meu patrão
Desde o meu primeiro emprego
Trabalho eu não quero não
Eu pago pelo meu sossego

Ele roubava o que eu mais valia
E eu não gosto de ladrão
Ninguém pode pagar
Nem pela vida mais vazia
Eu despedi o meu patrão
Eu despedi o meu patrão

Eu despedi o meu patrão
Desde o meu primeiro emprego
Trabalho eu não quero não
Eu pago pelo meu sossego

Ele roubava o que eu mais valia
E eu não gosto de ladrão
Ninguém pode pagar
Nem pela vida mais vadia
Eu despedi o meu patrão

Eu despedi o meu patrão
Desde o meu primeiro emprego
Trabalho eu não quero não
Eu pago pelo meu sossego

Ele roubava o que eu mais valia
E eu não gosto de ladrão
Ninguém pode pagar
Nem pela vida mais vazia
Eu despedi o meu patrão

Eu despedi o meu patrão
Desde o meu primeiro emprego
Trabalho eu não quero não
Eu pago pelo meu sossego

Ele roubava o que eu mais valia
E eu não gosto de ladrão
Ninguém pode pagar
Nem pela vida mais vadia
Eu despedi o meu patrão

Não acredite
No primeiro mundo
Não acredite
No primeiro mundo
Só acredite
No seu próprio mundo
Só acredite
No seu próprio mundo

Seu próprio mundo
É o verdadeiro
Meu primeiro mundo
Não
Seu próprio mundo
É o verdadeiro
Meu primeiro mundo
Não
Seu próprio mundo
É o verdadeiro
Primeiro mundo
Então

Mande embora
Mande embora agora
Mande embora
Mande embora agora
O seu patrão
Seu patrão
Mande embora
Mande embora agora
Mande embora agora
Mande embora o seu patrão
O seu patrão

Ele não pode pagar
O preço que vale
A tua pobre vida
Oh, meu
Oh, meu irmão

(Neste mundo é mais rico o que mais rapa:
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa:
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.)

*A parte em parênteses é trecho de soneto de Gregório de Mattos, poeta baiano barroco *

Fonte: https://memoriasindical.com.br/