Dos democratas e progressistas; mais avançado regime político e vetor para conquistar a sociedade que precisa se modernizar para incluir todos que se encontram às margens da civilização.
*Em 15 de novembro, quando o Brasil comemora a Proclamação da República, a oposição volta às ruas pelo ‘Fora Bolsonaro’. Vai ser a 7ª manifestação popular contra o governo do presidente Bolsonaro. A mais recente foi em 2 de outubro.*
Miguel Torres*
Hoje, segundo pesquisas que aferem sobre as eleições de 2022 e ainda sobre o nível de popularidade do presidente da República e do governo dele, de cada 10 brasileiros, 6 são contrários ou discordam de Bolsonaro.
Todavia, esse número não tem sido representado ou refletido nas manifestações contra o governo. Por quê?
Há nisso, salvo melhor juízo, 2 ordens de problemas. A primeira tem a ver com as cores das manifestações. Quanto mais “vermelhas”, menos amplas. Isto é, a oposição a Bolsonaro ultrapassou o espectro da esquerda. Desse modo, quanto mais cores apresentar, mais amplas e engajadas serão nas ruas, pois já são nas redes.
Entretanto, há setores da esquerda que não admitem essa ampliação, sob a alegação de que “ex-bolsonaristas”, ou seja, ex-eleitores de Bolsonaro não são bem-vindos nas manifestações. O que, por óbvio, estreita as margens oposicionistas nas ruas. Há, inclusive, nesses grupos minoritários alto grau de animosidade e sectarismo contra quem não está identificado como “esquerda”.
Talvez, o exemplo mais recente disso tenha ocorrido nas manifestações na Avenida Paulista, em 2 de outubro, contra o ex-ministro de Lula, Ciro Gomes (PDT), por quem manifesto minha solidariedade e contrariedade pelo ocorrido.
Esse tipo de postura faz com que muitos dos que hoje discordem de Bolsonaro, sobretudo aqueles que não são de esquerda, não se sintam à vontade para ir às ruas e manifestar posição contrário ao governo e ao presidente da República, que é avaliado pela ampla maioria da população como “ruim ou péssimo”, segundo pesquisas de opinião.
Ou seja, nesses setores, a oposição não tem se refletido em engajamento.
O outro problema é a tentativa de transformar o ‘Fora Bolsonaro’ em campanha eleitoral. Desse modo, aqueles que não estão identificados com as pré-candidaturas bem cotadas no cenário eleitoral que se avizinha tendem a não se engajar nas manifestações. Sobre isso, recomendo a leitura de excelente artigo: ‘O erro de se transformar o ‘Fora Bolsonaro’ em campanha eleitoral’.
*O ‘Fora Bolsonaro’ tem dono?*
Não tem e nem tampouco pode ter. O ‘Fora Bolsonaro’ hoje é mais amplo que as fronteiras da esquerda e centro-esquerda, porque Bolsonaro representa governo desastroso e trágico, sob quaisquer ângulos que se vislumbre.
Por essa razão, não deve haver vetos a quem quer que seja, que tenha se descolado antes ou agora do bolsonarismo e esteja hoje engrossando as fileiras da oposição ao governo. Todos nessa perspectiva devem ser bem-vindos.
Uma vez superada essa fase da vida política brasileira, cada qual segue o rumo das convicções político-ideológicas que lhe move.
*De quem é o ‘Fora Bolsonaro’*
Bolsonaro lidera um governo de caráter protofascista. Ele não está no campo democrático, do Estado Democrático de Direito, nos marcos da Constituição de 1988.
O impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff deu vazão para eleição de Bolsonaro, que representa a negação e ruptura da “Aliança Democrática”, que permitiu superar a Ditadura de 1964, construir a transição à democracia e a ‘Constituição Cidadã’, que fundamentou as bases políticas e sociais do Estado Democrático de Direito.
Assim, o ‘Fora Bolsonaro’ deve ser de todos aqueles que professam e defendem a democracia, como o melhor e mais avançado regime político, e o progressismo, como vetor de uma sociedade que precisa se modernizar para acolher todos aqueles que se encontram às margens da civilização.
(*) Presidente da Força Sindical, da CNTM (Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos) e do Sindicato do Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes.
twitter.com/FsMigueltorres