Indústria farmacêutica e veículos foram principais influências de alta.
Frente a janeiro de 2013, no entanto, setor teve queda de 2,4%.
A produção da indústria nacional cresceu 2,9% em janeiro na comparação com o mês anterior, segundo dados divulgados nesta terça-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o melhor resultado, nesse tipo de comparação, desde janeiro de 2013, quando a alta foi de 3,2% – e vem após dois meses seguidos de perda.
Na comparação com o mesmo mês do ano passado, no entanto, a indústria teve queda de 2,4% em janeiro, com 19 dos 27 ramos pesquisados mostrando diminuição no ritmo de produção. Em dezembro, houve queda de 2,5% em relação ao mesmo período de 2012. No acumulado em 12 meses, o indicador teve alta de 0,5%, abaixo do 1,2% de dezembro.
Além de anunciar a produção de janeiro, o IBGE também corrigiu para -3,7% a variação registrada de novembro para dezembro, divulgada inicialmente como uma queda de 3,5%.
De acordo com André Macedo, gerente de pesquisa da produção industrial do IBGE, vários fatores podem contribuir para a produtividade seguir em patamares mais baixos. “A evolução mais lenta do consumo doméstico, o crédito mais restritivo e as taxas de juros mais elevadas ajudam a entender o porquê do recuo na produção de forma geral”, disse.
Na passagem de dezembro para janeiro, a alta de 2,9% teve perfil generalizado, segundo o IBGE. As principais influências positivas foram registradas por indústria farmacêutica (29,4%), veículos automotores (8,7%) e máquinas e equipamentos (6,4%). A alta de veículos automotores interrompeu o resultado negativo do setor desde outubro, período em que acumulou perda de 23,5%.
A retomada da produção de caminhões foi uma das taxas que mais chamou a atenção dos pesquisadores. Comparando com dezembro de 2013, a fabricação aumentou 10% e foi a expansão mais acentuada em janeiro de 2014. A explicação, segundo o IBGE, está na retomada do trabalho por parte das indústrias, após férias coletivas no setor. Esse foi o crescimento mais intenso desde junho de 1997, de acordo com dados do órgão.
Por outro lado, entre os nove ramos que reduziram a produção, os desempenhos de maior importância para a média global foram registrados por fumo (-47,6%), outros produtos químicos (-2,5%), e refino de petróleo e produção de álcool (-2,2%).
Janeiro ante janeiro
Na comparação entre meses de janeiro, quando a indústria mostrou queda de 2,4%, houve predomínio de resultados negativos. Entre as atividades, a de veículos automotores, que recuou 14,4%, exerceu a maior influência negativa na formação da média da indústria.
Houve contribuições negativas relevantes também de edição, impressão e reprodução de gravações (-11,5%), produtos de metal (-8,2%), bebidas (-5,9%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-8,7%), refino de petróleo e produção de álcool (-2,9%) e
borracha e plástico (-5,8%).
Na comparação entre janeiro de 2014 e o mesmo período do ano anterior, a produção de automóveis sofreu queda de 18,2%. De acordo com Macedo, a questão da alta do imposto sobre produtos industrializados (IPI) para carros em janeiro deste ano e os estoques elevados foram as principais causas para essa desaceleração.
“O aumento do IPI para carros, os estoques elevados das indústrias e a diminuição das exportações ajudam a desacelerar a produção de automóveis”, explicou.
Apesar do recuo da produção de carros, a fabricação de caminhões apresentou aumento na produtividade, se comparado a janeiro de 2013. Macedo explicou que o IPI zero para caminhões ajudou a alavancar esse setor específico. “O IPI zero impulsiona a produção no setor como um todo neste ano de 2014. O número específico de caminhões fabricados, se comparado a janeiro do ano passado, aumentou 8,7%”, disse.
Televisores para a Copa
Os eletrodomésticos tiveram alta de 8,2% na produtividade em relação a janeiro do último ano. Os aparelhos que compõem a linha marrom (televisores, rádios, aparelhos de DVD, de som e imagem) tiveram a maior alta, de 55,3%. Macedo diz que boa parte desse incremento deve-se à produção de televisores para a Copa do Mundo, que corresponde a cerca de 70% dos produtos fabricados nesta linha.
O número de telefones celulares produzidos também aumentou neste tipo de comparação, com saldo de 22,2%. Já os eletrodomésticos da linha branca, como geladeiras, máquinas de lavar, fogão e outros aparelhos de cozinha, sofreram queda de 7,2% na produção.
Ainda comparando com janeiro do ano anterior, outra taxa de crescimento que chamou a atenção foi de bens de capital para a construção. Em janeiro de 2014, o aumento neste setor correspondeu a 73,1%. Para Macedo, apesar de o dado isolado ser expressivo, essa é uma base de comparação muito baixa.
“No fim de 2012 e inicio de 2013, houve diversas paralisações no setor. Isso gerou um aumento muito grande de produção nos meses subsequentes e representa uma margem muito baixa de comparação. Além disso, podemos destacar as obras de infraestrutura no país, que começam a ganhar impulso”, explicou.