Governo espera aprovar mínimo de R$ 545


Folha de S.Paulo

O governo escalou sua tropa de choque para garantir a aprovação do salário mínimo de R$ 545 em votação hoje na Câmara dos Deputados. Ontem, o ministro Luiz Sérgio (Relações Institucionais) e o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, se reuniram com os principais partidos. Guido Mantega (Fazenda) participou de comissão sobre o assunto, e Antônio Palocci (Casa Civil) conversou com deputados.

Já a presidente Dilma chamou o ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), para uma conversa. O partido é o único foco declarado de resistência entre os principais aliados do governo, e as afirmações após o encontro foram praticamente unânimes a favor do valor de R$ 560. O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical, prometeu campanha ininterrupta. “Falarei com Deus e com o Diabo pelos R$ 560.” Na saída, Lupi falou em “unidade” entre os 27 deputados.

Os cálculos dos governistas são otimistas, apostando em cerca de 360 votos (dos 513 possíveis) pelos R$ 545. O mapeamento foi fechado ontem após reunião de líderes da base de apoio de Dilma na casa de Henrique Alves, líder peemedebista. “Estamos em uma situação confortável, muito melhor que a da semana passada”, disse o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP).

A avaliação é que, como as indicações de cargos no governo ainda estão em andamento, ninguém quer “sair da linha” no Congresso. O PMDB, por exemplo, chegou a soltar nota em defesa dos R$ 545 no final do dia. Já em reunião da bancada do PT, o único a manifestar posição contrária foi o deputado Eudes Xavier (CE). A líder do PSB, Ana Arraes (PE), disse que, após diversos encontros, a defesa do valor de R$ 545 “era quase unânime”.

Além do PDT, PV e DEM já declararam apoio aos R$ 560. O PSDB ainda batalha pelos R$ 600, como querem as centrais sindicais, mas deve concentrar seus esforços em R$ 560 –valor que, segundo Mantega, representaria gastos extras de R$ 4,5 bilhões.

O líder do governo confirmou ontem que, logo depois da votação do salário mínimo, uma medida provisória será editada para corrigir a tabela do Imposto de Renda. Segundo ele, caso o valor de R$ 545 seja aprovado, a variação será de 4,5%.