Centrais passam a investir no reajuste maior da tabela do IR

Diante da vitória projetada pelo governo no Senado, em torno do aumento do salário mínimo para R$ 545, as centrais sindicais admitiram ontem a derrota e passaram a investir suas baterias para aumentar em 6,46% a proposta que será encaminhada pelo Planalto para reajustar a tabela de descontos do Imposto de Renda. O texto virá com o índice de 4,5%.

O novo foco das pressões dos sindicalistas foi antecipado pelo deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, presidente da Força Sindical. Ele relatou esse redirecionamento, após visitar líderes sindicalistas, líderes do PMDB e do DEM, além do senador Paulo Paim (PT-RS), que recuou e decidiu votar com o projeto do governo, em vez dos R$ 560, defendido pelas centrais. Até o fechamento desta edição, a matéria estava em de votação.

Paulinho da Força recebeu a informação do envio da proposta de reajuste da tabela do IR, durante audiência com o secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. “O que queremos é a correção da tabela para 2011 em 6,47%. Isso foi o índice de inflação do ano passado a corroer os salários dos trabalhadores”, argumentou.

Integrante de partido da base governista, Paulinho disse que não recebeu nenhum tipo de pressão durante visita ao Planalto. Do secretário da Presidência, ele disse ter ouvido o seguinte recado: “Vamos ganhar, mas queremos olhar para frente, manter as negociações”. Na saída da audiência, o presidente da Força Sindical disse que a presidente Dilma estava chegando, e o secretário queria que o visitante fosse cumprimentá-la. “Melhor não ser assim. Me deem outro elevador para eu não ter de me encontrar com ela”, relatou.

Aposentados

Sobre o apoio do senador Paulo Paim (PT-RS), Paulinho declarou que as centrais o “autorizaram” a votar como quisesse.

Em seu discurso na tribuna do Senado, Paim afirmou que vai votar a favor do projeto aprovado na Câmara dos Deputados na última semana, no valor de R$ 545, e que vai criar uma política de valorização aos aposentados e pensionistas, que ele julgou mais interessante aos sindicalistas do que a antecipação dos R$ 15. Ele disse que desistiu de defender um valor maior porque Dilma garantiu que continuará negociando. Segundo ele, a discussão sobre benefícios de aposentados e pensionistas deve ser iniciada na próxima semana e o fim do fator previdenciário (sistema criado em 1999 que desestimula a aposentadoria precoce) também deve entrar em pauta.

As centrais sindicais acertaram com o PSDB uma emenda estabelecendo reajuste de 80% do ganho real concedido ao salário mínimo para aposentados e pensionistas que recebem mais de um, no projeto de lei que será votado amanhã no Senado. Sem apoio na base governista, os sindicalistas procuraram o bloco de oposição para apresentar a emenda.

O líder do PSDB, senador Álvaro Dias (PSDB-PR) declarou que atenderá ao pedido das centrais para evitar que os aposentados tenham perdas salariais.

Além dessa proposta, os tucanos apresentaram três emendas ao texto. Uma delas propôs o valor de R$ 600 para o mínimo. Outra tentará anular o artigo do projeto que permitirá a presidente Dilma reajustar o mínimo por decreto, conforme as diretrizes determinadas na lei. “Atendemos apelo das centrais, já que as perdas acumuladas são incríveis, os aposentados são os mais prejudicados”, disse Dias. O DEM ficou com a proposta de reajuste de R$ 560. O PSOL apresentou emenda de R$ 700.

Abnor Gondim