Corrida por Manoel – 33º dia

26.3.16 ———–
33º dia da CORRIDA POR MANOEL
Destino
– Vala de Perus, na Colina dos Mártires
Percurso percorrido: 23,25 km

“Os crimes contra a liberdade serão sempre descobertos”
Neste dia da corrida, o jornalista relembra a morte de mais duas vítimas do aparelho repressivo da ditadura: Sonia Maria de Moraes e Angel Jones.
Há várias versões para os assassinatos desses dois companheiros. Mas, ao lerem a notícia da morte, João e Cleia de Moraes não tiveram a menor dúvida: era a filha de deles. Esmeralda era o nome usado na clandestinidade por Sonia Maria de Moraes Angel Jones, gaúcha de Santiago do Boqueirão, nascida em 9 de novembro de 1946 e morta não se sabe quando –o certificado de óbito indica 30 de dezembro de 1973.

manoel-sonia.Os relatos deste dia contam que a repressão sumia com os corpos e os enterrava em valas comuns, sem identificação.

O despejo dos corpos de Sonia e Angel fora feito naquela que ficou conhecida como Vala de Perus, no cemitério Dom Bosco, na zona norte de São Paulo.

Rebatizado de Colina dos Mártires, o cemitério foi o destino da 33ª etapa da CORRIDA POR MANOEL, na manhã de hoje.

25.3.16————-
32º dia da CORRIDA POR MANOEL
Homenagem a Zuzu Angel

Percurso percorrido: cerca de 1,5 km no parque Ibirapuera

Carinho, abraço e canção marcam homenagem a Zuzu e Stuart Angel

A caminhada deste dia conta com a participação de Hildegard Angel, jornalista, ativista em defesa dos direitos humanos e órfã de mãe e irmão.
Zuzu e Stuart lhe foram tirados pela ditadura militar que assolou o Brasil de 1964 a 1985. São dois dos 436 nomes –Tanta gente! Tanta gente!– impressos no monumento que o grupo abraçou no Parque do Ibirapuera.

manoel-zuzu.Era o final da Caminhada por Zuzu Angel, etapa número 32 da CORRIDA POR MANOEL. Hildegard e o marido, Francis, vieram do Rio para participar da homenagem à mãe, mulher de coragem que infernizou a ditadura, deixou a repressão de cabelos em pé por sua tenacidade e galhardia, incansável determinação em descobrir o que acontecera com seu filho, onde estava o corpo de Tuti.

manoel-stuart.Stuart Edgar Angel Jones foi preso e torturado por agentes do Cisa (Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica) na Base Aérea do galeão, no dia 14 de junho de 1971. Ele tinha então 25 anos.

Militante do MR8, ele era um dos poucos que sabiam o paradeiro do capitão Carlos Lamarca, então o homem mais procurado pela ditadura. Stuart levou seus torturadores à loucura: por maior que fosse o sofrimento, não falava.

“Vamos sempre encontrar motivos para homenagear o heroísmo, o heroísmo do brasileiro, o brasileiro que sofre e que se cala, que tem de ter alguém que desperte nele o desejo, a coragem, o ímpeto de falar, de denunciar e de se manifestar”.

manoel-zuzu-monumento.
Monumento em Homenagem aos Mortos e Desaparecidos Políticos no Parque do Ibirapurera

Confira no blog http://lucenacorredor.blogspot.com.br/ a LISTA DOS MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS divulgada pela Comissão Nacional da Verdade em dezembro de 2014 ou clique no título acima.

23.3.16 ———–
31º dia da Corrida por Manoel
Destino:
Cidade Universitária, USP
Percurso percorrido: 24,53 km

Marcos e monumentos lembram mortos e desaparecidos da Universidade de São Paulo

Na 31ª etapa da corrida por Manoel, o jornalista rodou pela Cidade Universitária em busca da memória da luta dos estudantes e professores uspianos. Dali saíram figuras maravilhosas, que tiveram papel destacado na história da resistência democrática.

manoel-usp.“Subi a rampa da Biologia, desci pela rampa da FAU. De novo cá embaixo, fui para o Instituto de Geociências, minha primeira parada na jornada de hoje.
Ali, numa praça interna muito bem arrumadinha, está um marco em homenagem a Alexandre Vannucchi Leme.
Trata-se de monumento simples ao extremo, apenas um bloco de concreto que serve de base a uma placa de bronze em que se lê a seguinte inscrição:

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA
Comissão de Anistia
DIREITO À MEMÓRIA, À VERDADE E À REPARAÇÃO

Aos que lutaram e morreram por um Brasil democrático

Em 15 de março de 2013, realizou-se no Instituto de Geociências da USP a 68ª Caravana da Anistia em homenagem a ALEXANDRE VANNUCCHI LEME, nascido em Sorocaba em 05 de outubro de 1950.
Excelente aluno e querido de seus colegas por sua liderança, cursou geologia neste Instituto entre 1970 e 17 de março de 1970, quando foi morto sob torturas nas dependências do DOI-CODI de São Paulo.
Foi declarado anistiado político por unanimidade pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, oficializando-se o pedido de desculpas do Estado brasileiro à sua família bem como o reconhecimento público ao seu legítimo direito de resistência contra o autoritarismo e a opressão.
Para que não se esqueça. Para que nunca mais aconteça.

manoel-usp-memorial.Levantamento feito pela Comissão da Verdade da USP (Universidade de São Paulo) identificou 664 professores, alunos e funcionários que foram de alguma forma perseguidos durante a ditadura militar.
Além dos atos explícitos –prisão, tortura, morte, expulsão, degredo–, havia controle  das ações de professores, alunos e funcionários.
Os mortos, pelo menos, foram homenageados pela USP. O monumento em sua honra fica em uma área pouco movimentada da praça do Relógio, num cantinho, a bem dizer.

Clique no título acima para ler todo o relato

22.3.16 ———
30º dia da Corrida por Manoel
Destino:
Catedral da Sé
Percurso percorrido: 6,14 km

31 de outubro de 1975, o dia em que a ditadura começou a cair

Logo após o enterro do jornalista Vladimir Herzog, no Cemitério Israelita do Butantã, no final da manhã de segunda-feira, 27 de outubro de 1976, alguém gritou: “Vamos para o Sindicato!”
Para o sindicato eles foram. Apesar do medo imposto pela ditadura, apesar das limitações ao direito de reunião e de expressão, apesar da tortura e das mortes no DOI-Codi, centenas de pessoas se encontraram, no final da tarde do mesmo dia, no auditório do Sindicato dos Jornalistas no Estado de São Paulo.
Audálio Dantas, porém, não estava lá. Presidente eleito havia meses numa chapa de oposição, o jornalista tinha sido chamado ao II Exército, convocação que atendeu com outros membros da diretoria.
Foi esse percurso que foi repetido na 30ª etapa da Corrida por Manoel.
Liderados por Audálio, no vigor de seus 83 anos, estavam ainda o presidente do Sindicato, Paulo Zocchi, e seu antecessor, Augusto de Camargo, mais alguns jornalistas e uma advogada.
O caminho até a Sé é cheio de história daquele tempo.
manoel-sé.Nas escadarias da Sé o jornalista gravou um vídeo em que Audálio Dantas relembra os acontecimentos de 31 de outubro de 1975 e mostra a importância do Culto Ecumênico daquele dia para a luta contra a ditadura militar.
“É um fato historicamente registrado e reconhecido a realização do culto ecumênico aqui como o ponto de partida para a queda da ditadura militar. Foi a partir desse culto, onde se verificou uma demonstração ao mesmo tempo de repúdio e contra o assassinato do Vlado, que simbolizava os outros assassinados. Antes do Vlado, tinham sido mortos 21 jornalistas, presos, torturados e mortos O Vlado foi o primeiro a não ser sepultado em silêncio, não dos jornalistas, das vítimas gerais da ditadura militar.
“A multidão que aqui apareceu, oito mil pessoas, significou a primeira grande manifestação de massa depois do Ato Institucional número 5. Isso tem um significado muito importante porque qualquer manifestação era proibida.

20.3.16 ————-
29º dia da Corrida por Manoel
Destino:
praça Vladimir Herzog
Percurso percorrido: 6,45 km
Jornada por Herzog revisita marcos da luta contra a ditadura na cidade

manoel-herzog.Neste dia da corrida, pouco mais de 15 pessoas, entre eles, o presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Paulo Zocchi, e o diretor do Departamento de Memória Sindical do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, José Francisco Campos, além do jornalista Sérgio Gomes, que é uma espécie de símbolo da imprensa sindical em São Paulo, mais corredores e caminhantes, amigos e apoiadores das corridas e das lutas pela democracia, participaram da caminhada.

O grupo se reuniu em frente à antiga casa da família, com Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog e diretor do Instituto Vladimir Herzog, para uma jornada em homenagem ao jornalista assassinado pela ditadura militar em 25 de outubro de 1975. E de lá saiu para a Jornada por Herzog, na 29ª etapa da CORRIDA POR MANOEL.

“Os criminosos tentaram disfarçar o crime, transformar a morte em suicídio, farsa em que nem as paredes do DOI-Codi acreditavam. A sociedade civil se rebelou, dom Paulo Evaristo Arns falou, o rabino Henry Sobel se recusou a fazer o enterro na quadra dos suicidas, no cemitério judaico, o Sindicato dos Jornalistas abriu suas portas para uma vigília democrática, transformou-se em centro das articulações do enfrentamento à ditadura.”

Os relatos deste dia mermanoel-praça-herzog.gulham no tempo e na dor das pessoas, como de Clarice, viúva de Herzog. O caminho até o destino – praça Vladimir Herzog – teve muitas paradas, como o Hospital Emílio Ribas, o Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, nomeado em homenagem a Vladimir Herzog.

“São mais do que reminiscências; trata-se de recuperar um passado muito recente do nosso Brasil, que não pode ser esquecido para que não venha a se repetir.”

A praça é uma demonstração de que a cidade honra seus mártires e homenageia quem luta pelos direitos humanos.

19.3.16 ————-
28º dia da Corrida por Manoel
Destino:
Auditoria Militar, onde o advogado Belisário dos Santos Júnior atuou contra a ditadura
Percurso percorrido: 8,92 km

Advogado desmascara julgamento feito sem base em provas

Neste dia o jornalista relembra atos da ditadura que continuam se repetindo hoje, como decisões judiciais rápidas e prontas antes mesmo dos fatos acontecerem.

“Casos como esse, verificados em pleno século 21, com vigência completa da democracia no Brasil, eram comuns durante a ditadura militar.
Julgamentos sumários, em que mal havia espaço para o contraditório – ou simplesmente não havia chance de defesa –, eram a regra nas auditorias militares, as casas da Justiça Militar.
Ainda que apresentadas como prédios impolutos, onde mandava o direito, também foram palco de cenas de tortura.
O caso de Manoel Fiel Filho, assassinado sob tortura no dia 17 de janeiro de 1976 em uma cela do DOI-Codi de São Paulo, é exemplar.
Em uma das salas do prédio onde funcionava a Auditoria Militar do Exercito, na avenida Brigadeiro Luiz Antonio – meu destino de hoje na CORRIDA POR MANOEL-, Arylton da Cunha Henriques, juiz auditor em exercício, assinou despacho em que dizia:
“Efetivamente, no caso sub examen, após atentar-se cuidadosamente para a prova pericial, testemunhal, exames etc., não se pode chegar a nenhuma outra conclusão, senão aquela do suicídio, na sua expressão mais simples.”
Assim considerando, assinou o termo determinando o arquivamento do Inquérito Policial Militar sobre a morte de Manoel Fiel Filho. A data é 3 de maio de 1976, três meses e 16 dias depois do assassinato do operário.
Clique no título acima para ler o relato completo.

18.3.16 ………….
27º dia da Corrida por Manoel
Destino:
Teatro da PUC, nas Perdizes, Ato Pela Legalidade Democrática
Percurso percorrido: 3,58 km

Breve caminhada até o tempo presente, nas trincheiras da luta democrática dos dias de hoje

A jornada deste dia era ir até o Tuca, o Teatro da Pontifícia Universidade Católica, o TUCA, palco de grandes momentos da luta democrática no período da ditadura militar e, hoje, ambiente de encontro de homens e mulheres, partidos e movimentos sociais, ONGs e celebridades que se dispõem a enfrentar o golpe contra a democracia em curso nos dias de hoje, a tentativa de solapar as instituições e romper a ordem constitucional.

Desta vez, portanto, a jornada da CORRIDA POR MANOEL não faz um mergulho no passado, buscando recompor memórias de luta e de resistência democrática. É que a luta e a resistência democrática estão à nossa porta, voltaram a dominar a ordem do dia, são exigências do tempo presente.

Vai daí que, na tarde de 16 de março de 2016, quase 52 anos depois do golpe militar que colocou o Brasil na trilha do atraso, da barbárie e do terror, dos assassinatos políticos e das covardes encenações de suicídio –como aconteceu com Manoel Fiel Filho e Vladimir Herzog–, mulheres e homens de bem deste país retornam às trincheiras em defesa da democracia reconquistada.

“Não vai ter golpe” era o grito que cantávamos, assim como a palavra de ordem que vem da história das lutas pela democracia no planeta Terra: “Não passarão”.
Clique no título acima para saber mais.

manoel-tuca.


17/3/16 ————–
26º dia da Corrida por Manoel

Destino – praça Alexandre Vannucchi Leme
Percurso percorrido: 17,55 km

Assassinato de Alexandre Vannucchi Leme é faísca para retomada do movimento estudantil

manoel alexandreFoi para Alexandre o dia de hoje da CORRIDA POR MANOEL. No 43º aniversário da morte do estudante, o jornalista correu 17 km até a praça nomeada em homenagem a ele.

Aqui, o jornalista refere-se ao estudante de geologia Alexandre Vannucchi Leme, outra vítima da ditadura assassinado em março de 1973. “Foi suicídio”, disse o delegado do Dops de São Paulo Edsel Magnotti ao pai do estudante. O menino de 22 anos teria se matado usando uma lâmina de barbear, conseguida sabe-se lá como, em algum breve intervalo das sessões de tortura.

“Foi acidente”, disse ao professor José de Oliveira Leme o macabro delegado Sérgio Paranhos Fleury, de carreira entranhada com Esquadrão da Morte e tristemente famoso pela dedicação prazerosa com que se dedicava a provocar sofrimento nos presos sob sua tutela.

Alexandre foi visto pela última vez no campus da USP no dia 15 de março de 1973. Sua prisão aconteceu no dia seguinte, por volta das 11 da manhã. No dia 17 de março, estava morto.

16.3.16 ———-
25º dia da Corrida por Manoel
Destino – Parque Luiz Carlos Prestes
Percurso realizado: 10,01 km

O dia em que me encontrei com Luiz Carlos Prestes

Neste dia da corrida o jornalista fala de Luiz Carlos Prestes, que depois de anos abrigado e protegido na então União Soviética, voltara ao Brasil em outubro de 1979, dois meses depois de promulgada a anistia.
Clique no título acima para ler todo o relato.

manoel-prestes.

15.3.16 …………….
24º dia da Corrida por Manoel
Destino:
 Cemitério da Quarta Parada, passando por igreja Nossa Senhora de Lourdes, Percurso percorrido: 18,55 km

General de Quitaúna defendeu legalidade e tentou resistir ao golpe

manoel-quartel.O quartel de Quitaúna, em Osasco, foi o destino de hoje na 24ª etapa da CORRIDA POR MANOEL. E a ação contou com o apoio do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco.

É um local que está no imaginário de todos os que estudam as lutas pela democracia no país: foi lá que serviu o capitão Carlos Lamarca, de lá ele saiu com 63 fuzis para comandar a resistência armada contra a ditadura militar.

O quartel fica a cerca de dois quilômetros do local onde funcionava a metalúrgica Cobrasma, epicentro de um dos maiores movimentos operários que o país já viu, a Grande Greve de Osasco, em 1968.
O jornalista chegou ali acompanhado por um ativista do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco. “Assessor da diretoria, Wilson Costa, correu comigo desde que atravessei o viaduto Único Gallafrio para atingir a região dominada pela estação de trem Presidente Altino.”

O quartel foi comandando pelo general Euryale de Jesus Zerbini, um dos poucos oficiais de alta patente que se colocaram contra o golpe militar de 1964, em defesa da Constituição e da legalidade.

Quando veio a sublevação, Zerbini – irmão do cirurgião Euryclides, pioneiro do transplante cardíaco— já não estava mais no controle da unidade de Quitaúna.

Comandava tropas no interior do Estado. À medida que seguia, porém, recebiam notícias de que mais e mais comandantes aderiam ao movimento golpista. Zerbini (1908-1982) foi preso e levado ao Forte de Copacabana.

13.3.16 ————
23º dia da Corrida por Manoel
Destino:
 Cemitério da Quarta Parada, passando por igreja Nossa Senhora de Lourdes
Percurso percorrido: 18,55 km

Polícia da ditadura persegue Manoel Fiel Filho até depois da morte

Policiais que não se apresentavam ficavam rondando entre os amigos e familiares de Manoel Fiel Filho durante o velório e o enterro do operário, em 18 de janeiro de 1976. Os agentes chegaram ao cúmulo de subir na campa na hora de o caixão ser colocado na terra.

Manoel morreu por volta do meio dia em uma sala de tortura no prédio do DOI-Codi, na rua Tutóia. Foi levado para o IML e só seria devolvido à família em troca do silêncio sobre o crime.

“Falaram que se fosse para fazer bagunça, o corpo não ia sair, ia direto para o cemitério da Vila Formosa, enterrado como indigente”, lembra Márcia, a filha caçula de Manoel, 56 anos.

“E não iam permitir fazer o velório”, diz a filha mais velha, Aparecida, 60, que também estava na nossa entrevista, assim como sua mãe, dona Thereza de Lourdes, 83.

manoel-igreja.“O velório foi realizado, ainda que às pressas, na igreja Nossa Senhora de Lourdes. Foi minha primeira parada na corrida de hoje, que teve como destino o cemitério onde Manoel foi enterrado.”

No relato deste dia, o jornalista fala do Cotonifício Rodolfo Crespi, inaugurado em 1897.

“Foi um dos principais pontos da greve dos tecelões em 1917. Bem depois que a poeira abaixou, em abril de 1924, os funcionários da fábrica fundam o glorioso Juventus. Três meses depois o edifício é atingido por bombardeio do governo federal, que tenta debelar a revolta que brota em São Paulo.

“Os bairros da Mooca, Braz e Belenzinho foram atingidos por um canhoneiro tão pesado que as ruas ficaram repletas de cadáveres. Os coveiros não davam conta de cavar sepulturas para enterrar todos os mortos, o que levou muitas famílias a enterrar os mortos nos quintais de suas casas”, segundo o site Portal da Mooca.

Foi o mais sangrento conflito vivido por São Paulo. A revolta demorou 23 dias e deixou como saldo, segundo os números oficiais, 503 mortos e 4.846 feridos, a maioria deles civis.  Historiados contestam os dados. O livro “Bombas Sobre São Paulo” contabiliza 720 mortos.

É uma demonstração de que muito antes da ditadura os poderosos procuravam maquiar dados e manipular informações para que a história não registrasse as barbaridades praticadas.
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Dia 12.03.16
22º dia da Corrida por Manoel
Destino:
 Monumento em Homenagem aos Mortos e Desaparecidos Políticos na Ditadura Militar
Percurso percorrido: 3,36 km

“Democracia está ameaçada”, alerta Suplicy depois de participar de corrida no Ibirapuera

A corrida começou em frente ao monumento em homenagem aos mortos e desaparecidos políticos durante a ditadura militar, no Parque do Ibirapuera, com a participação do ex-senador Eduardo Suplicy.

manoel 21“É importante resgatar a memória de Manoel Fiel Filho e dos companheiros que tombaram na luta pela democracia, ainda mais neste momento em que ela se vê outra vez ameaçada”, disse Suplicy, secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania e convidado especial na jornada deste sábado.

De fato, o país assiste a cenas que lembram o que ocorria no período da ditadura militar, vê fatos que parecem nascer em um regime de exceção, não em uma democracia.

Na véspera de nossa corrida, por exemplo, uma manifestação realizada na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de Diadema foi invadida por soldados da Polícia Militar armados até com metralhadoras.

Vários do grupo nem conheciam o monumento, que foi instalado em 2014 pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania e estampa os nomes de 436 mortos e desaparecidos políticos durante a ditadura.

manoel-suplicy.Em 1976, quando morreu Manoel Fiel Filho, o eterno senador de São Paulo já era um economista reconhecido, professor universitário e articulista da “Folha” –antes, fora editor de economia da revista especializada “Visão”.

“Eu estava muito ligado à importância de nós garantirmos as liberdades democráticas, a liberdade de imprensa, que estava sendo objeto de restrições, como naquele episódio em que houve a morte de Vladimir Herzog. Ele foi morto por tortura. Eu me lembro muito bem da notável mobilização que começou a acontecer”, me disse Suplicy em um entrevista que fizemos dias antes de nossa CORRIDA POR MANOEL.

No final da corrida, enquanto revia os nomes gravados nas folhas de aço chegou Rogério Sottili, secretário especial de Direitos Humanos do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. Ele fez questão de levar seu apoio à CORRIDA POR MANOEL e deu um breve depoimento, destacando o quão necessária é a recuperação da memória das lutas democráticas em nosso país.

“Lembrar hoje os 40 anos da morte do Manoel Fiel Filho é muito importante por vários motivos, porque nós estamos vivendo no Brasil um momento muito difícil da história de nosso país.” Leia mais no blog  http://lucenacorredor.blogspot.com.br/

11.03.16 ………..
21º dia da Corrida por Manoel

Destino: região dos prédios históricos em torno do Memorial da Resistência
Percurso percorrido: 4,58 km

Memorial da Resistência guarda marcas da dor e da grandeza dos presos na ditadura militar

O prédio do antigo Deops foi transformado num lugar de cultura e luta democrática. “Ali funcionam a Estação Pinacoteca e o Memorial da Resistência. Nas celas por onde passaram os combatentes da ditadura está registrada a memória de suas lutas; uma delas, a mais visitada, exibe o cravo vivo e vermelho.

“No Natal de 1969, a militante da Ação Popular Elza Lobo, presa nas catacumbas do Departamento Estadual de Ordem Política e Social, pede que a família lhe traga flores, em uma das eventuais visitas. E assim foi feito.”

… “Aqui a solidariedade era muito forte. As pessoas sobreviveram por causa da solidariedade que havia no interior e também pela solidariedade de fora, nas passeatas e movimentos”, diz Kátia Neves, 50, que coordena o Memorial desde sua inauguração.

manoel-katia.Kátia foi a convidada do jornalista na caminhada pela história na 21ª etapa da CORRIDA POR MANOEL. Com eles estava Maurice Politi, diretor do Núcleo Memória e um dos tantos que estiveram presos nas celas do Deops.

“Partimos do histórico prédio projetado pelo escritório do arquiteto Ramos de Azevedo. Inaugurado em 1914, o edifício abrigou até 1938 os escritórios e armazéns da Companhia Estrada de Ferro Sorocabana. Depois de reformas, foi sede do Deops de 1940 a 1983, quando aquele órgão policial foi extinto. Foi tombado em 1999 e passou por um processo de restauração –o que não significa que as estruturas originais tenham sido preservadas.”

manoel-predio.Acompanhe mais acessando o blog http://lucenacorredor.blogspot.com

10.03.16 ………..
20º dia da Corrida por Manoel

Destino: QG do Segundo Exército
Percurso percorrido: 13,71 km

Morte de Manoel rompe unidade precária no interior da ditadura

Neste dia Rodolfo Lucena ia correr em volta do Quartel General do Segundo Exército, a primeira instituição a sofrer as ondas do abalo sísmico provocado no regime pelo assassinato de Manoel Fiel Filho em 17 de janeiro de 1976.

Neste relato Rodolfo fala dos “comandantes” daquele período, como o general-presidente Ernesto Geisel e como a situação foi degringolando para os militares.

“Apesar de toda a repressão, o povo não aguentou calado o crime. Mais de 8.000 pessoas lotaram a catedral da Sé no culto ecumênico por Herzog – ali tomava corpo uma mobilização que já tinha se expressado nas urnas, no ano anterior, quando o regime fora fragorosamente derrotado.”

manoel-comando-militar.

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09.03.16 ———–

19º dia da Corrida por Manoel
Destino: “amarração” do IML
Percursopercorrido: 10,33 km

No IML dizem que Manoel passou mal no serviço e morreu no hospital
O destino do jornalista Rodolfo Lucena neste dia foi o IML (Instituto Médico Legal), para onde o corpo de Manoel Fiel Filho foi levado, no dia 17 de janeiro de 1976.

Foi naquele dia que a viúva, dona Thereza, recebeu a notícia da morte do marido.

“Passavam vinte minutos das dez horas da noite do dia 17 de janeiro de 1976 quando um Dodge Dart estacionou em frente à casa da família Fiel, na zona leste de São Paulo.

Um sujeito alto e magro desceu do carro, bateu à porta do sobrado, falou com dona Thereza de Lourdes Fiel. “Sou do Hospital de Clínicas”, disse o desconhecido, segundo registra o repórter Carlos Alberto Luppi em seu livro “Manoel Fiel  Filho – Quem Vai Pagar Por Esse Crime?”.

Entregou um embrulho para a já então viúva e falou: “Vim avisar que se marido se suicidou. Aqui estão suas roupas”. Mais não disse nem lhe foi perguntado.

“Eu saí xingando!”, lembra hoje dona Thereza. “Vocês mataram meu marido!”, era o grito da ex-tecelã na ruela da zona leste.

IML-decada-de-70.
IML na década de 70

Atravessando a rua, os cerca de 700 metros de extensão da Enéas Carvalho de Aguiar, no lado ímpar, é quase todo ocupado pelo complexo de prédios que integram o Hospital de Clínicas, o HC, que por nome completo é Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

A volta no quarteirão tem 1.700 metros, que eu fiz repetidas vezes na manhã de hoje.

Nas minhas voltas, pensava em Manoel, na família de Manoel, em como foram tratados e mal tratados.

No início da tarde do dia 17 de janeiro de 1976, o corpo do operário foi levado do DOI-Codi, onde fora morto, para o IML. O diretor do instituto, Arnaldo Siqueira, ordenou que os médicos legistas José Antonio de Mello e José Henrique da Fonseca fizesse exame de corpo de delito no cadáver de Manoel Fiel Filho.
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8.3.16 ——— 
18º dia da Corrida por Manoel
Destino: Casa onde morou Manoel, passando pelo DOI-Codi
Percurso percorrido: 21,75 km

Meia maratona por Manoel revista via-crúcis do metalúrgico

Nesta terça-feira, o jornalista fez o mais longo percurso desta CORRIDA POR MANOEL. “Foram quase 22 quilômetros, mais do que uma meia maratona, por um trajeto exigente, cheio de longas subidas e fortes descidas.

Mais que tudo, um trajeto dolorido. Passei por ruas que talvez tenham oferecido a Manoel as últimas imagens da cidade, no seu trajeto, preso, de  casa até as celas do DOI-Codi.

Percorri, porém, no sentindo inverso: saindo da zona oeste, passei pelo DOI-Codi, no começo da zona sul de São Paulo. Então enveredei para leste, cortando colinas da Vila Mariana, subindo ao Ipiranga, cruzando grandes artérias e enfim chegando à monumental Sapopemba, de onde  aportei na rua Coronel Rodrigues.”

 

06.03.16 ———–
17º dia da Corrida por Manoel
Destino: Rua Bertha Lutz, com largada em frente à 1ª Delegacia de Defesa da Mulher, percurso de 10,46 km

Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, saudamos a pioneira Bertha Lutz

Neste dia da jornada, o jornalista lembra o 8 de março, dia internacional da Mulher. “Equiparação salarial com os homens, tratamento digno no local de trabalho e redução da jornada diária de 16 horas para dez horas –em nome dessas reivindicações, as operárias de uma fábrica de tecidos de Nova York foram à greve.

Era o ano de 1857, e os direitos civis e democráticos estavam longe das mulheres na terra que se dizia a maior democracia do planeta. A repressão foi violenta, feroz, assassina: no dia 8 de março, a fábrica foi incendiada, todas as saídas trancadas.

Cerca de 130 tecelãs morreram queimadas.

Em uma conferência na Dinamarca, em 1910, o 8 de Março passou a ser reconhecido como Dia Internacional da Mulher. Mais de sessenta anos mais tarde, em 1975, a data foi oficializada pela Organização das Nações Unidas.

manoel-berta.Na delegação brasileira presente no 1º Congresso Internacional da Mulher (esse da ONU, de 1975) estava uma senhora de 83 anos, aposenta havia mais de dez. Era Bertha Lutz.
Zoóloga de profissão, Bertha Lutz é reconhecida como a maior líder da luta pelos direitos políticos das mulheres no Brasil. É uma espécie de matriarca do feminismo verde-amarelo.

Em homenagem a ela e à luta das mulheres, o percurso de hoje, na 17ª etapa da CORRIDA POR MANOEL, teve como destino a rua Bertha Lutz, uma vielinha na zona norte de São Paulo, onde se chega depois de um monte de curva para cá e para lá, subidonas e fortes descidas.

Clique no título para saber mais.

5.3.16 ————
16º Dia da Corrida por Manoel
Destino do dia: Rua Tenente José Ferreira de Almeida
Percurso percorrido: 16,62 km

Ruela na zona sul homenageia o tenente José Ferreira de Almeida

Nesta etapa da jornada o jornalista lembra o assassinato do tenente José Ferreira de Almeida, pela ditadura militar, em agosto de 1965, na mesma cela em que, dois meses depois, seria morto o jornalista Vladimir Herzog. Como no caso Herzog, a versão oficial foi de que o militar se enforcara com um cinto.
Na última vez em que viu o marido com vida, no prédio do Dops de São Paulo, Dona Maria viúva do tenente, não pode sequer abraçar o companheiro.
“Estou muito dolorido”, disse ele à mulher e à sobrinha – filha adotiva, a bem dizer -, segundo registra reportagem de Paula Sacchetta publicada em “O Estado de S. Paulo” em 2012.
Maria e Nazareth, então com 28 anos, voltaram várias vezes ao prédio do Dops. Esperavam por horas, até que alguém lhes mandava embora, dizendo que ele não poderia receber visitas ou que não estava ali naquele dia –de fato, durante o mês em que esteve preso, Almeida transitou entre as celas e as câmaras de tortura do Dops, na região central de São Paulo, e do DOI-Codi, na zona sul.

manoel-enforcado.Clique no título acima para ler todo o relato


04.03.16 ———–
15º dia da Corrida por Manoel

Destino: prédio em que funcionaram as
auditorias militares durante a ditadura militar.
Percurso percorrido: 1,26 km

Sentença contra Lula estava escrita antes do julgamento na Auditoria
O destino da jornada deste dia era o prédio onde, durante a ditadura, funcionou a Auditoria Militar –de fato, as auditorias militares, pois havia uma do Exército, outra da Marinha, outra da Aeronáutica. A do Exército era mais ativa.

A auditoria funcionava como juizado, era ali que aconteciam os julgamentos dos presos políticos –quando os presos não eram mortos sob tortura, como aconteceu com tantos, do operário Manoel ao jornalista Vladimir, do sindicalista Virgílio ao tenente Piracaia.

Clique no título acima pra saber mais.

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03.03.16 ————
14º Dia da Corrida por Manoel
Destino– Prédio onde funcionou o DOI-Codi e passagem em frente à Fiesp
Percurso percorrido: 11,58 km

No DOI-Codi, ditadura militar expõe sua face mais sangrenta

Quem sai da região do Ibirapuera, na zona sul de São Paulo, e sobe a Rua do Livramento chega direto na pontinha do paredão que cerca o conjunto de prédios onde funcionou o DOI-Codi, a sucursal do inferno ou a “Casa da Vovó”…

Assim começa a narrativa do jornalista neste 14º da jornada.

manoel-DP.“Nas suas celas foi torturado até a morte o operário Manoel Fiel Filho. Vou deixar para mais tarde o relato das barbaridades que Manoel lá enfrentou; hoje, 14º dia desta jornada jornalístico-esportiva em homenagem a Manoel, apresento tão somente o prédio e o serviço de atrocidades que lá se instalou.”

… A mão armada e assassina da ditadura militar teve o apoio entusiasmado de grande parte do empresariado, segundo documento da Comissão Nacional da Verdade. As articulações passavam pela Fiesp, a organização que reúne os capitães de indústria do Estado –onde completei minha jornada de hoje.

Nana nina.

“Há que “conhecer o passado, entender o presente, construir o futuro”, como diz o slogan do Núcleo Memória, entidade que reúne ex-presos políticos.

Em 2010, Ivan Seixas, um de seus fundadores e então integrante da Conselho de Defesa da Pessoa Humana, entrou com pedido de tombamento do conjunto de prédios onde funcionou a sucursal do inferno.

manoel-tombamento.A reivindicação, apoiada por diversas entidades de direitos humanos e de vítimas da ditadura, saiu vitoriosa: em janeiro de 2014 o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat), órgão estadual de preservação, aprovou o tombamento.

A instrução do processo foi feita por uma jovem historiadora, Deborah Neves, que atua na Unidade de Preservação do Patrimônio Histórico da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo.

Eu pedi para outra jovem historiadora, Laura Lucena – que é minha filha e tem me ajudado enormemente  na pesquisa e na produção deste projeto CORRIDA POR MANOEL-, conversar com a Deborah.

Clique no título da matéria para ler o relato na íntegra.

02.03.16 ————
13º dia da Corrida por Manoel
Destino: Rua Virgílio Gomes da Silva,
Percurso percorrido: 12,5 km

Lições do comandante Jonas: todo revolucionário deve estar fisicamente preparado

No 13º dia da “Corrida por Manoel”, o jornalista Rodolfo Lucena lembra outros brasileiros mortos na ditadura, como Carlos Marighella, Carlos Lamarca, Olga Benário, Sandino, Joaquim Câmara Ferreira, Pedro Pomar, Steve Biko, Rubens Paiva. “Todos eles, juntos e misturados, se encontram em esquinas, conversam atrás de praças, batem papo lomba acima e lomba abaixo.”

Esses brasileiros são homenageados no Jardim Elisa Maria, na zona norte de São Paulo, onde emprestam seus nomes para uma série de ruas.

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Encontro das ruas Carlos Mariguella e Olga Benário; a foto foi feita a partir da rua Patrice Lumumba

“Uma delas lembra Virgílio Gomes da Silva, o comandante Jonas, líder do grupo que sequestrou, em 1969, o embaixador norte-americano no Brasil, Charles Burke Elbrick, em uma das mais audaciosas e surpreendentes ações de enfrentamento à ditadura militar.

Foi o primeiro preso político assassinado na Operação Bandeiramanoel-foto-virgilio.nte, a Oban, precursora do DOI-Codi. Os criminosos esconderam seu corpo, que até hoje nunca foi encontrado –Virgílio é o primeiro desaparecido do regime militar.”

Neste dia da jornada o jornalista teve a companhia de Gregório Gomes da Silva, filho mais novo de Virgílio.

Clique no título acima para saber mais.

01.3.16 ————
12º dia da Corrida por Manoel
Destino: “abraço caminhado” à Câmara Municipal de São Paulo
Percurso percorrido: 2 km

Militante da imprensa clandestina, Cesar Teles leva comandante da tortura à Justiça

manoel-teles.Esta CORRIDA POR MANOEL que venho fazendo é uma homenagem a todos os manoeis, joãos, marias e amelias que não se calaram frente a ditadura militar e dedicaram suas vidas ao combate pela liberdade, pela democracia, pela justiça, por um mundo melhor para seus filhos, netos, para todos.

É também uma celebração à imprensa combativa. Manoel foi sequestrado pela polícia política da ditadura sob nebulosas acusações de distribuir o “Voz Operária”, jornal clandestino do Partido Comunista Brasileiro.

Aqui, o jornalista fala “da brutalidade insana da ditadura sobre muitos que trabalharam nesse jornal e em outras publicações de partidos”, e de Cesar Teles e sua mulher, Amélia, dirigentes do Partido Comunista do Brasil, que foram presos em 28 de dezembro de 1972.

29.2.16 ………..
11º dia da Corrida por Manoel
Destino:
a antiga sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi, na Rua do Carmo
Percurso percorrido: 1,9 km

Sindicato dos Metalúrgicos interpela ditadura pela morte de Fiel Filho

Neste dia, o jornalista fez uma caminhada da sede do Sindicato, na Rua Galvão Bueno, 782, Liberdade, até a antiga sede na Rua do Carmo, 171 (Sé), acompanhado do presidente da entidade, Miguel Torres, diretores e assessores. Em seu blog, ele relembra a situação política em janeiro de 1976 e a nomeação do novo comandante do II Exército, em São Paulo, o anúncio da morte de Manoel, e a atitude do Sindicato, na época presidido por Joaquim dos Santos Andrade, o Joaquinzão, que cobrou do governo a apuração da morte.

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… Miguel comandou hoje uma caminha dos metalúrgicos, na 11ª etapa da CORRIDA POR MANOEL. Mais de duas dezenas de dirigentes e militantes do sindicato participaram dessa jornada, que foi da sede atual da entidade até a antiga sede, na rua do Carmo, onde Manoel militou e que hoje abriga o Sindicato Nacional dos Aposentados.

… Ao longo dos cerca de dois quilômetros de nossa caminhada de hoje, Miguel Torres destacou a importância de resgatar a memória das lutas sindicais e das figuras dos combatentes pelos trabalhadores. O que não é exatamente a coisa mais fácil do mundo neste momento.

… “As novas gerações que estão entrando do mercado de trabalho não têm a noção para que serve o sindicato. Qual a importância do movimento sindical na época, na vida do trabalhador, principalmente brasileiro. Não sabe que as conquistas que têm hoje, os benefícios, foram conquistas de alguém que participou da luta sindical. Não existe nada que não tenha sido fruto de reivindicação dos trabalhadores.

… Alguns sindicalistas da velha guarda ainda lembram da presença de Manoel Fiel Filho nos encontros da categoria. Campos, de 71 anos, na época era o responsável por abonar as novas filiações ao sindicato. Foi quem assinou a carteirinha do operário assassinado em 1976 no DOI-Codi de São Paulo.

“O Fiel Filho tinha uma pastinha preta, vinha nas assembleias. Era do PCB, segundo dizem”, comenta o sindicalista.

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Chegada na Rua do Carmo

28.2.16 ———
10º dia da Corrida por Manoel
Destino: Rua Coronel Rodrigues, 155, Percurso percorrido: 18,77 km

Viagem até o sobrado onde Manoel vivia quando foi sequestrado

manoel-sobrado.O sobrado da rua Coronel Rodrigues, número 155, na zona leste da capital, último local em que o operário metalúrgico foi visto com vida e em liberdade, foi o destino do jornalista no décimo dia da CORRIDA POR MANOEL.
Dona Thereza lembra o dia em que o marido chegou em casa acompanhado de dois homens, que o tiraram da fábrica onde trabalhava, que se diziam da prefeitura, e foi levado dizendo à esposa que voltaria logo; no dia seguinte ele estava morto.

A família morava na zona leste da capital, região que o jornalista percorreu neste 10º dia da jornada.

… Os homens que chegaram com Manoel por volta do meio-dia de 16 de janeiro de 1976 bagunçaram a casa toda. Chegaram armados, com “arma grande”, embrulhada em jornal, como nos disse a viúva de Manoel.

… Os dois homens reviraram a casa toda, mexeram em tudo: livros, armários. “Ainda bem que não encontramos prova alguma, hein, Manoel!”, disse um deles, conforme o relato de dona Thereza.

27.2.16 ………
9º dia da Corrida por Manoel

Destino: Caminhada com a família de Manoel Fiel Filho em Bragança Paulista
Percurso percorrido: 1 km

Caminhada em Bragança Paulista reúne família de Manoel Fiel Filho

O jornalista faz uma caminhada com dona Thereza, viúva de Manoel, e sua família: duas filhas, três netos e dois bisnetos, genro e a esposa de um dos netos. Esperavam todos o início de uma caminhada em homenagem ao patriarca.

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24/2/16 ———–
8º dia da Corrida por Manoel
Destino: Rua Gonçalves Figueira, 80
Percurso percorrido: 8,08 km

Estouro de gráficas marca início de onda de prisões de comunistas

Neste dia, o jornalista segue relatando mais fatos ocorridos durante a ditadura militar, da situação de insegurança vivida no País durante o governo Geisel, que assumiu em março de 1974. É neste governo que  Vladimir Herzog é assassinado, em 1975. Também foi sob Geisel que, no ano seguinte, Manoel Fiel Filho foi executado.

A narrativa do dia é grande (clique no título acima e leia). Entre outros fatos, Lucena conta que um dos locais atacados pela polícia política foi uma gráfica que ainda estava sendo instalada na Casa Verde, zona norte de São Paulo. Ficava na rua Gonçalves Figueira, 80, “meu destino neste oitavo dia do projeto CORRIDA POR MANOEL”

A corrida de hoje, oito quilômetros até a Casa Verde, mais um “abraço” no quarteirão da rua Gonçalves Figueira, é uma homenagem a todos os que tombaram no caminho.

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Dia 23.2/16 ———–
7º dia da Corrida por Manoel
Destino: Rua Siqueira Bueno, 668, Mooca, onde funcionava a Metal Arte, fábrica onde Manoel Fiel Filho trabalhava
Percurso percorrido: 6,62 km

Prédio da Metal Arte, onde Manoel Fiel Filho trabalhou durante 19 anos, é hoje depósito de colchões

manoel-mais.Rodolfo Lucena andou e correu até a fábrica onde Manoel Fiel Filho trabalhava, na Mooca. No percurso, o jornalista descobre mais pedaços do passado e do presente de São Paulo.

… Ali, num prédio de dois andares de altura, frente estreita e dezenas de metros de fundos, funcionava em 1976 a Metal Arte, metalúrgica especializada em peças de iluminação – como suportes para luminárias; fazia também acessórios para automóveis.
Com 19 anos de casa, Manoel Fiel Filho estava entre os mais antigos dos cerca de 700 funcionários da empresa. Ele foi admitido na Metal Arte Indústrias Reunidas no dia 1º de julho de 1957, com salário de CR$ 2,25 por hora de serviço.
A narrativa segue contando mais sobre a vida de Manoel.

manoel-fabrica.Hoje, o local onde Manoel trabalhava faz parte de um depósito de uma empresa que fabrica colchões. Em frente ao depósito, sob o viaduto Guadalajara, funciona um serviço de atendimento a moradores de rua.

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Clique no título acima e leia mais.

Dia 22/2/16 ————–
6º dia da Corrida por Manoel
Percurso percorrido: 20,52 km

Correndo, juventude da zona leste faz homenagem a Rubens Paiva

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Como parte do projeto CORRIDA POR MANOEL, no sexto dia da jornada o jornalista Rodolfo Lucena foi até a Escola Municipal de Educação Fundamental e Média Rubens Paiva, deputado federal desaparecido em 20 de janeiro de 1971, na ditadura militar. A escola fica no Jardim Ângela, zona sul da capital. A viúva do deputado, Eunice Paiva, só recebeu o atestado de óbito do marido após 25 anos de busca e espera. Para ela, a falta do papel foi a forma de tortura mais violenta que impuseram às famílias dos desaparecidos políticos.

Rodolfo conversou com alguns alunos de segunda e terceira séries do segundo grau e apresentou o projeto da corrida para alguns professores. E falou sobre o que tinha acontecido no Brasil em 1964: O golpe militar, as perseguições políticas, o cerco aos sindicatos, as prisões arbitrárias e ilegais, a tortura, os assassinatos, a hipocrisia reinante.

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Dia 21/2/16 ————–

5º dia da “Corrida por Manoel”
Percurso percorrido: 15,24 km
Destino: rua Ibó, 340. Manoel Fiel Filho morou nesta rua.

Manoel separou sua vida familiar da militância sindical nos metalúrgicos

“Foi pela Sapopemba que cheguei à rua Ibó, para onde Manoel Fiel Filho levou sua jovem esposa em 1954. Naquela rua, em uma casa que hoje já não existe mais, moraram logo depois do casório.”
Em um trecho do relato do dia, o jornalista Rodolfo Lucena diz que quando Aparecida (primeira filha de Manoel) nasceu, o pai já estava de emprego novo – antes, ele trabalhou em padaria e foi cobrador de ônibus. Tinha finalmente iniciado carreira como metalúrgico. Na função de serralheiro, entrara em 19 de julho de 1956 na Indústria de Móveis Cromados, que funcionava na avenida Santo Amaro, 622. Talvez por ser o emprego muito longe de sua casa, Miguel não ficou muito tempo naquela empresa. No ano seguinte já estaria na Metal Arte, onde ficou por 19 anos – seu último dia de trabalho foi a sexta-feira 16 de janeiro de 1976, quando dois policiais não identificados o levaram dando explicações esfarrapadas para o sequestro.”

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Dia 20/2/16 ————–

4º dia da “Corrida por Manoel”
Percurso percorrido: 4 km, na Cidade Universitária

Contra o preconceito e a discriminação, esportistas realizam Caminhada pela Inclusão Social

manoel-inclusão.O jornalista Rodolfo Lucena encontra um grupo de esportistas, acompanha a turma e vai conhecendo a história de muitos deles, como Dinacleia Galdino, negra e cega, que já sofreu muito preconceito e discriminação, mas não se rende à pequenez das pessoas e segue determinada na sua prática esportiva. Estas pessoas fazem Caminhada Pela Inclusão Social pelas alamedas da USP, o mesmo terreno em que, há uma semana, Cleia foi ofendida e humilhada.

“Decidi fazer um breve intervalo em meu mergulho corrido na história de Manoel Fiel Filho para participar da jornada pela inclusão. Acredito que meu homenageado, que era um batalhador pela democracia, apoiaria minha decisão. A concentração foi em uma das travessas da chamada Rua da Raia, entre o Velódromo e o Crusp, o centro residencial dos universitários.
Éramos umas poucas dezenas. Havia cegos, gente sem braço, deficientes auditivos, esportistas em cadeiras de rodas; e havia gente com visão, pernas, braços e audição, todos juntos na mesma jornada, que é um dos aspectos da luta contra a discriminação, a luta pela democracia”.

 

19/2/16 —————-
3º dia da Corrida por Manoel 

Manoel-cartaz.Clique no link abaixo e veja como foi o terceiro dia da “Corrida por Manoel”, iniciada na quarta-feira, dia 17, pelo jornalista-maratonista Rodolfo de Lucena. Ele realiza projeto que lembra os 40 anos da morte do operário metalúrgico Manoel Fiel Filho, em 17 de janeiro de 1976, nas dependências do DOI-CODI, no período da ditadura militar.
Neste terceiro dia, o jornalista fala de dona Thereza, viúva de Manoel, que com apenas 14 anos, começou a trabalhar na fábrica de tecidos das Indústrias Reunidas Francesco Matarazzo.
Neste 3º  dia da Corrida, o jornalista percorreu 14 km
Clique aqui e veja o terceiro dia da corrida

 

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Complexo de indústrias na região da Celso Garcia na década de 1940; ao centro, mais para a direita, prédio central da IRFM – reprodução de foto histórica publicada em www.facebook.com/industriasmatarazzo/


18/2/16 ————-
2º dia da Corrida por Manoel 

Neste segundo dia da Corrida, o jornalista Rodolfo de Lucena conta mais um pouco da vida de Manoel Fiel Filho e como ele conheceu o amor de sua vida, dona Thereza.
Neste segundo dia, o jornalista percorreu 15 km.
Veja mais acessando http://lucenacorredor.blogspot.com

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Dona Thereza de Lourdes, 84, viúva de Manoel Fiel Filho, dá entrevista na casa de sua filha mais nova, Márcia, em Bragança Paulista – Foto Eleonora de Lucena

 

17/2/16 —————-
Largada da “Corrida por Manoel”

Manoel-cartaz.A “Corrida por Manoel” começou no dia 17 de fevereiro, com uma caminhada cívica que saiu do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, na Rua Galvão Bueno, 782, Liberdade, até a sede do antigo DOI-CODI, no Paraíso. A ação contou com a participação de diretores e assessores do Sindicato.
O projeto é uma iniciativa do jornalista Rodolfo Lucena para reverenciar o metalúrgico Manoel Fiel Filho, morto há 40 anos – em 17 de janeiro de 1976 – pela ditadura militar.
Em sua homenagem, o Sindicato instituiu, em 17 de janeiro de 2010, o Dia do Delegado Sindical.

braço.

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