Acordos com 2% de reajuste real viram referência

Metalúrgicos e bancários não conseguem avançar além desse patamar e pautam outras negociações

O Estado de SP
BEATRIZ BULLA

Com reivindicações de reajustes salariais que chegavam a até 16%, as grandes categorias em campanha no segundo semestre estão tendo de se contentar com aumentos que embutem cerca de 2% de aumento real. Metalúrgicos e bancários não conseguiram avançar além desse patamar, que agora pauta as outras categorias.

A negociação dos bancários, que terminou com 2% de aumento real, serve de referência para as demais categorias que negociam neste semestre. O pedido inicial era de 10,25% de reajuste, com 5% de aumento real. Ao todo, os bancários somam cerca de 500 mil trabalhadores no País. Este ano, a categoria precisou cruzar os braços por oito dias para obter o acordo. Em 2011, os bancários pararam por 21 dias para receber aumento real de 1,5%.

No caso dos petroleiros, o pedido inicial da Federação Única dos Petroleiros (FUP), que reúne cerca de 45 mil trabalhadores na base, era de 10% de aumento real. Na sexta-feira, contudo, a federação aceitou proposta da Petrobrás de reajuste de 8,16%. “O aumento real de um pouco mais de 2% fica bem coerente com o que as outras categorias fecharam este semestre, como bancários e metalúrgicos. Quando esse quadro se configurou, a categoria avaliou que devia rever o valor que reivindicava”, afirmou o coordenador-geral da FUP, João Antônio de Moraes.

Os trabalhadores ligados à Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), contudo, podem rejeitar a proposta e iniciar greve. “Estamos indicando a rejeição nas assembleias desta semana”, disse Emanuel Cancela, do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio, ligado à federação. Os trabalhadores pedem 16%, sendo cerca de 10% de aumento real.

Para os metalúrgicos do Estado de São Paulo ligados à CUT, com data-base em 1.º de setembro, a reivindicação já era de 8% de reajuste, com 2,5% de aumento real. Até agora, dos seis grupos patronais que negociam com a Federação dos Sindicatos Metalúrgicos da CUT (FEM CUT/SP), apenas o grupo da fundição, com cerca de 4 mil funcionários, atendeu à reivindicação e fechou acordo válido para todo o Estado. As empresas ligadas aos demais grupos, contudo, têm procurado os sindicatos para fechar acordos de aumento de 8% e evitar paralisações. Até agora, cerca de 70% dos 200 mil metalúrgicos ligados à FEM-CUT no Estado já foram beneficiados.

Força Sindical. O panorama atual pauta as reivindicações dos metalúrgicos paulistas da Força Sindical. Com data-base em 1.º de novembro, a reivindicação da categoria fica em torno de 2,5% de aumento real. “Estamos acompanhando o pessoal da CUT e eles ainda não conseguiram fechar acordo. Reivindicamos também o aumento de 2,5% e a inflação do período”, disse Miguel Torres, presidente da Força. Para o dirigente, os metalúrgicos da Força terão de fazer greves para avançar na negociação.

No caso dos químicos de São Paulo, também com data-base em 1.º de novembro, a reivindicação é de 10% de aumento, considerando a inflação do período, de acordo com a federação da categoria no Estado (Fequimfar).