Desemprego no país sobe no mês de setembro, pressionado por SP

Apesar da elevação, a taxa média no mês passado é a mais baixa para o período desde 2002

Nas demais regiões pesquisadas, a taxa cedeu ou ficou próxima da estabilidade, de acordo com o IBGE

Folha de S.Paulo
PEDRO SOARES
DO RIO

Sob impacto sobretudo do fechamento de vagas na indústria, a taxa de desemprego subiu em São Paulo no mês de setembro.

Isso impediu que a média das seis regiões pesquisadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) recuasse, invertendo a tendência de queda registrada nos meses anteriores.

Ainda assim, a taxa de desemprego média de 5,4% em setembro é a mais baixa para o mês desde 2002, primeiro ano da nova pesquisa do IBGE. Em agosto, o índice havia sido de 5,3%.

Com menos vagas em ramos como indústria, serviços prestados a empresas (terceirização) e construção, o número de pessoas desocupadas na maior e mais importante região metropolitana do país avançou em 76 mil de agosto para setembro.

Isso provocou a elevação da taxa de desemprego regional para 6,5% no mês passado -em agosto, tinha ficado em 5,8%.

A maior procura por um trabalho na região não foi acompanhada de maior geração de novos postos, que subiram em apenas 2.000, número tido como estável pelo IBGE. Com a piora do mercado de trabalho em São Paulo, a taxa de desemprego média do país não encontrou terreno para cair.

Nas demais regiões, a taxa cedeu ou ficou próxima da estabilidade. De maneira geral, foram abertas novas vagas.

Segundo o IBGE, o período eleitoral sempre influencia o mercado de trabalho, ainda que seja difícil dimensionar o impacto.

Uma das possibilidades é que em São Paulo tenha havido uma procura maior por trabalho dado o histórico da contratação de temporários, que não foi coberta pela expansão da oferta de vagas no período eleitoral.

O fato é que a crise que abateu o setor fabril, principalmente no primeiro semestre, acarreta em mais perdas de postos de trabalho em São Paulo, uma das regiões mais industrializadas do país.

Em contrapartida, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Belo Horizonte vivem uma fase de baixo desemprego, ao redor ou abaixo de 5% durante os últimos meses.

Em tese, esse percentual é considerado por alguns economistas como referência para uma condição de pleno emprego.

No Brasil, porém, a alta informalidade torna mais difícil a aplicação desse conceito, segundo especialistas.

Para a consultoria LCA, o desemprego não avança diante do receio de empresários de terem de arcar com custos de demissões agora e serem obrigados a voltar contratar em seguida com a retomada já em curso (ainda que de modo discreto) da economia do país.

RENDIMENTO

O rendimento médio, estimado em R$ 1.771,20, também não sofreu variação significativa frente a agosto. Já na comparação com setembro de 2011, subiu 4,3%.

A massa de rendimento real, por sua vez, aumentou 0,9% em relação a agosto e 6,5% ante setembro de 2011. Esse dado mostra que o mercado de trabalho das seis regiões injetou R$ 41,3 bilhões na economia em setembro.