Por Fernando Torres | De São Paulo
A cruzada da presidente Dilma Rousseff contra os juros altos cobrados pelos bancos no Brasil tem um resultado que pode ser analisado pela velha metáfora do copo meio cheio ou meio vazio. Entre março e junho, os maiores bancos de varejo do país – Banco do Brasil, Itaú, Caixa, Bradesco, Santander e HSBC – reduziram as taxas cobradas nas principais linhas de crédito para pessoas físicas e jurídicas, como crédito pessoal, veículos e capital de giro, num intervalo médio que vai de 12% a 17%.
Porém, quando se observam as taxas cobradas após os cortes e a intensidade das reduções principalmente nos bancos privados fica claro que o país ainda está longe de ter custo de crédito em níveis civilizados, especialmente nas linhas de curtíssimo prazo.
No cheque especial, por exemplo, com exceção da Caixa Econômica Federal, que cortou a taxa pela metade, os outros cinco bancos seguiam cobrando, até 20 de junho, taxas médias mensais efetivas acima de 8% ao mês, ou mais de 160% ao ano. No crédito pessoal, embora haja discrepâncias para os dois lados, o custo médio ainda ronda 50% ao ano, ante uma taxa básica de juros de 8,5%.
Os dados são de levantamento feito pelo Valor sobre os juros cobrados por esses seis bancos em nove linhas de crédito desde janeiro. Os dados são do Banco Central e representam a taxa média efetiva cobrada dos tomadores, incluindo encargos.
Com a análise por bancos, é possível fazer uma lista decrescente daqueles que reduziram os juros com mais intensidade. A Caixa foi, com folga, a mais agressiva nos cortes, seguida pelo BB, que tem intensificado as reduções paulatinamente, e recentemente acabou com a exigência de que os clientes aderissem a um pacote de serviços para ter acesso às taxas menores.
Entre os privados, o Itaú fez as maiores baixas em linhas relevantes como crédito pessoal e financiamento de veículos, seguido na ordem por Bradesco e Santander. O HSBC fez mudanças tímidas, praticamente limitando-se a repassar a queda de 1,25 ponto percentual ao ano da taxa Selic desde março.
Segundo a Caixa, as concessões de novos empréstimos aumentaram 36% no segundo trimestre e, junto com aumento da base de clientes, deve compensar o efeito da queda dos juros.