Paralisação na Olimpus pela manutenção das 40h

Fotos Iugo Koyama

Diretor Carlão fala sobre a importância de lutar pelas 40h

O Sindicato fez uma paralisação de cerca de duas horas na manhã desta segunda-feira (3) na Olimpus, em defesa da manutenção da jornada de trabalho de 40h semanais na empresa e contra o assédio moral na fábrica. A Olimpus quer voltar à jornada de 44h e vem pressionando os trabalhadores a aceitarem a mudança, sob ameaça de demissão. A coação vem sendo feita desde que as instalações da fábrica foram transferidas da Vila Carioca, na zona leste, para Jurubatuba, na zona sul da capital.

Durante a assembleia, alguns funcionários do setor administrativo manifestaram-se a favor da mudança e criticaram o Sindicato por defender as 40h. “Esse pessoal alega que o emprego deles está em jogo, o que mostra como a empresa vem ameaçando os funcionários. Esse pessoal também desconhece como as 40h foi conquistada na empresa e que a volta da jornada de 44 horas não garante o emprego de ninguém”, ressalta o secretário-geral do Sindicato, Jorge Carlos de Morais, o Arakém, que comandou a assembleia ao lado do companheiro Carlão, diretor do Sindicato.

Acordo de 40h– A Olimpus trabalhava 44h até agosto de 2000, quando firmou acordo com o Sindicato, que estabeleceu a redução gradativa da jornada até setembro de 2001, quando as 40h passaram a vigorar.  Na época, os trabalhadores se mobilizaram pela reivindicação e ameaçaram entrar em greve.

“É uma conquista dos trabalhadores, assim como tantas outras, que foram virando lei depois que os trabalhadores conquistaram cada direito por fábrica”, lembra o diretor Carlão.

Hoje, Sindicato e trabalhadores estão enfrentando a coação e ameaça de demissão por parte da empresa. “Não vamos admitir isso e se algum trabalhador for demitido, vamos parar a fábrica”, afirma Carlão.

A diretora Leninha, que é licenciada da empresa, e participou da assembleia conta que os trabalhadores foram coagidos a mandar e-mail para o Sindicato dizendo ser a favor das 44 horas.

“Essa situação vem acontecendo há mais de três meses. Alguns trabalhadores já foram demitidos por se colocarem contra as 44 horas. Estou desligada da fábrica, mas continuo mantendo contato com muitos companheiros e recebi muitas reclamações de trabalhadores pedindo para o sindicato não aceitar o que a empresa quer, já que eles não podem se manifestar, porque quando são identificados a empresa demite”, afirma Leninha.

O Sindicato vai entrar com representação contra a empresa junto à OIT (Organização Internacional do Trabalho).

O presidente Miguel Torres reforça que o Sindicato sempre ajudou a empresa em momentos de dificuldade. “Quando ela precisou, nós sentamos para negociar e buscar uma saída. Já fizemos acordos de redução de jornada de trabalho e de salário, garantindo os empregos e também a produção. Agora, ela quer passar por cima de um acordo sagrado e dos trabalhadores na marra. Não vamos aceitar”, afirma.

A assembleia na empresa teve o apoio dos diretores, coordenadores e assessores do Sindicato.


Arakém defende a mobilização dos trabalhadores pelas 40h

Diretora Leninha fala aos trabalhadores