Iugo Koyama |
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes e da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos – CNTM, Miguel Torres, considera que o novo regime automotivo brasileiro, regulamentado no dia 4 de outubro pelo governo federal, aponta para o caminho certo, pois atrai investimentos que podem favorecer toda a cadeia produtiva do setor. Contudo, o governo perde mais uma vez a oportunidade de avançar em pontos cruciais como: qualificação profissional, renovação de frota, programa de redução de emissões que converse com outros programas tocados pelo próprio governo.
O programa que vinha sendo discutido com empresários (autopeças, montadoras), trabalhadores e governo desde maio de 2011 contempla em boa parte as reivindicações dos trabalhadores.
O “Inovar Auto”, está calcado nos seguintes aspectos:
i) incrementar a produção local – até 2017 oito etapas de fabricação de veículos deverão ser feitas no país, isso poderá gerar uma produção com de conteúdo local perto de 70%;
ii) eficiência energética – meta de 17,2km/l (gasolina) e 11.06km/l (etano) em 2017;
iii) aumentar a competitividade do setor e iv) adensar a cadeia produtiva – etapas produtivas e capacitação de fornecedores nacionais.
O novo regime automotivo é ambicioso, pois supera a letargia dos anos 1990, assumindo um protagonismo que sempre defendemos, além de sinalizar para o setor privado, quais são as diretrizes para produzir/vender no Brasil, acelera um processo que outrora levariam décadas. Ratifica, também, a importância e o dinamismo da cadeia produtiva que o setor precisa imprimir para sustentar o 4º maior mercado global. Além de reafirmar nossa vocação de sermos produtores de veículos e não maquiladoras.
Por outro lado, o Inovar Auto é tímido e negligencia aspectos que poderiam contribuir para seu êxito, a política não toca nos seguintes pontos/contrapartidas:
i)renovação de frota;
ii) programa de logística reversa para o setor;
iii) redução dos níveis de emissões CO2, tendo como base os países onde estão localizadas as matrizes das principais montadoras que atuam no Brasil (Alemanha, França, Japão, EUA);
iv) implementação de novas tecnologias híbridas (Diesel-Gás ou com biometano e Diesel-etanol);
O documento não toca num dos principais gargalos em países que precisam ser competitivos: a educação/formação e qualificação profissional, tendo em vista que, embora os investimentos em engenharia, pesquisa e desenvolvimento tenham sido contemplados na política, a formação profissional, como não raro acontece, ficou em segundo plano. Ao nosso ver, esse tema deve ter destaque em qualquer programa estratégico que estimule a competividade sistêmica.
Acreditamos, sobretudo, que criar uma indústria competitiva, elevando o valor agregado do que é produzido no país, reduzindo preços finais, ampliando e melhorando os empregos no país é, de fato uma ruptura com o passado. Cumpre a nós (trabalhadores e sociedade civil) tecermos as críticas necessárias (responsáveis) e acompanharmos a implementação do programa para que essas medidas se efetivem, que de fato até 2017 as metas sejam cumpridas e que, sobretudo, tenhamos no país um ambiente competitivo que emule veículos mais eficientes, baratos e seguros.
Subseção do Dieese do Sindicato