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Três gotas e o degelo

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Artigo de João Guilherme, consultor sindical

A geleira endurecida pingou três gotas de água. É muito pouco, mas, com otimismo, pode prefigurar o degelo.

A primeira gota foi a negociação no Congresso sobre a correção do FGTS, cujos resultados, se não produziram de imediato aquilo que é justo e desejável, indicam um caminho temporal para se obter isto.

A segunda gota foi o recuo dos setores financeiros do governo a respeito da não antecipação de parcela do décimo terceiro devido aos aposentados, coisa que vinha sendo feita há nove anos. O impressionante do fato é que o congelamento revelava uma insensibilidade para a vida de milhões de aposentados e pensionistas e uma vocação suicida para as más notícias (inútil, já que o décimo terceiro deverá ser, de qualquer forma, pago no último tostão até o fim do ano).

A terceira gota foi a autorização para que os bancos públicos (ainda bem que os temos) subsidiassem empréstimos às empresas, vinculados à manutenção de empregos. Contra esta violação da regra antipatrimonialista do ministro Levy, os rentistas bem situados na mídia, estrilaram. Mas o presidente do maior grupo bancário privado considerou-a normal e aceita pelo mercado.

As três gotas destiladas da geleira são ainda muito poucas para indicar um degelo iminente. Mas o fogo de barragem dos sindicatos com suas reivindicações justas pode acelerar o derretimento da massa fria de gelo de uma vez.

A geleira é o ajuste fiscal e a orientação rentista no governo; as gotas pingadas são medidas contrárias ao frio recessivo e o fogo de barragem são as ações sindicais e as mobilizações contra a recessão e o arrocho.

João Guilherme
consultor sindical